De acordo com nota divulgada na última quinta-feira (4), o Museu Afro Brasil, assim como outros equipamentos de cultura do estado, será afetado pelo corte que representa a diminuição de 148 milhões do orçamento da pasta.
O espaço, que desmistifica e valoriza a cultura afro-brasileira, completa 15 anos neste mês e colaborou para que muita gente descobrisse suas raizes, crenças e mesmo a própria negritude.
Dentro dele, habitam vidas que passaram e não mais estão aqui. São nossos antepassados e tudo aquilo que os envolveu em tantos anos de escravidão e, ao mesmo tempo, em tantos anos de arte, resistência, desenvolvimento e reconstrução.
A representação dos orixás propaga a fé e desconstrói o imaginário social de racismo religioso. Quadros carregam vida em cada traço e sombra. Livros são poesias passadas, presentes e futuras. Objetos resgatam a inteligência do nosso povo.
Aquelas paredes abrigaram histórias como a de Carolina Maria de Jesus, a tão conhecida mundialmente escritora brasileira, que fez de papel de pão, papel de história.
Restos de um navio fazem arrepiar cada pelo dos braços de quem tem ancestralidade cravada nas lágrimas do mar. Correntes expostas e não em nossos braços nos fazem lembrar quem somos e a quem realmente devemos nossa liberdade.
É por eles e por nós, que agora resistimos em outra época, como corpos sociais e políticos, que o Museu Afro Brasil não pode fechar, nem seus colaboradores serem mandados embora.