Um dos maiores casos de injustiça no Brasil: Os Irmãos Naves, foi transformado em espetáculo pelo Ínteros Coletivo de Atores, e será exibido de 20 a 29 de agosto
Em 1937, na cidade de Araguari, Minas Gerais, Joaquim e Sebastião Naves foram acusados da suposta morte do primo Benedito. Então, mesmo sem ter direito a um julgamento digno os irmãos Naves são condenados a 25 anos de prisão. No tempo recluso, os dois sofreram uma série de abuso das autoridades, questão que infelizmente ainda é muito comum nos dias de hoje.
Os integrantes do grupo Ínteros Coletivo de Atores retratam como injustiça afetou a vida toda a família Naves, no espetáculo: Os Naves. A temporada online estreia de 20 a 29 de agosto. Com transmissão gratuita, de sexta a domingo, pelo canal do YouTube.
O ator e produtor, Chrystian Roque, está focado em usar a arte para debater os casos de injustiças que continuam acontecendo. “Trazer para cena esse tipo de temática na nossa sociedade onde vemos, casos de injustiça e autoritarismo é algo muito importante . O teatro é uma plataforma que pode inspirar mudanças e trazer um campo fértil de olhar para nossa própria história e assim poder transformá-la”.
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Os Irmãos Naves
A história começa quando, Sebastião José Naves, à época com 32 anos, e Joaquim Naves Rosa, 25 anos se tornam sócios de Benedito Pereira Caetano. O primo acumula dívidas e foge para se livrar das responsabilidades. A investigação do sumiço começa tomou rumos inesperados.
Acusados de matar Benedito, os irmãos Naves são presos, torturados e linchados pela opinião pública. Após, 8 anos e 3 meses, de reclusão, os dois ganham a liberdade condicional.
Após ter sua vida rouba, Joaquim morre e seu irmão busca pela verdade. Entretanto, anos mais tarde, Benedito reaparece vivo. Assim, os irmãos Naves tiveram a inocência declarada, mesmo que seja tarde de mais.
O caso marcou a falha do sistema judiciário brasileiro e até hoje a forma organização não mudou.
Os Naves de hoje
84 anos depois o número de pessoas presas injustamente no Brasil, só aumentou. De acordo com um levantamento realizado pelo Monitor da Violência, 31% dos presos não foram julgados. Além disso, as prisões feitas a partir de reconhecimento digital tem grande margem de erro.
Conforme dados do Condege, 83% dos presos injustamente por reconhecimento fotográfico no Brasil são negros. Em um país racista a alta porcentagem faz sentido.
Entretanto, as falhas da justiça são vistas como erros comuns. Assim, passar anos na cadeia por algo que não cometeu pode ser uma realidade.