A primeira vez que eu ouvi falar da Pop-se foi no perfil do Instagram da minha prima, Ana Paula de Assis, que é a editora-chefe da revista. De cara, eu já sabia que era alguma coisa incrível porque, apesar de a gente quase nunca se falar, todas as vezes em que isso aconteceu, eu me vi de boca aberta com o que ela tinha pra dizer. Foi ela quem me indicou, por exemplo, o Aparelha Luzia, quando ele ainda estava nascendo como o famoso quilombo urbano que ele se tornou, mas não só: dicas de viagens ou reflexões sobre lugares sobre os quais eu nem pensava muito ainda, como a Alemanha e a África do Sul.
A Ana é uma referência enorme pra mim. Talvez seja por isso a gente não se fale tanto: eu nunca acho que vou ter alguma coisa significativa pra compartilhar. Mas, dessa vez, se eu pudesse, queria ter feito parte dessa conversa entre ela e a Erika Januza, só pra beber direito da fonte de conhecimento das duas.
Erika Januza revela ter sofrido ataques racistas
Pop-se
Bom, vou começar dizendo que esta nova versão da Pop-se tem 400 páginas. Desafiando a ideia de que as revistas impressas morreram, a Pop-se aposta em cores, artes, música, “sem nunca se esquivar das polêmicas que também são vetadas pelos ‘gigantes’ do mercado editorial.” A internet certamente vai matar algumas revistas impressas, que no blog da Pop-se são definidas como “mais finas que um carpaccio com anorexia”. Mas a proposta da revista é outra.
Com uma periodicidade mais espaçada, suas edições trazem sensações que não podem ser devidamente apreciadas de modo virtual. As publicações envolvem a experiência de quem entende muito dos assuntos sobre os quais escreve, publica, coordena e dirige. A conversa e os temas abordados na conversa com Erika Januza são importantíssimos – e esse compromisso não é de hoje.
Nas palavras dos próprios envolvidos na concepção da revista, “para nós do lado de cá do balcão, a única censura que vale é a sua. Se você não curtir, a gente fecha o doc do Word e abre uma quitanda. Caso contrário, a exosfera é o limite – tipo despir a Vera Fischer, fazer um editorial com móveis de design no sertão, entregar o maior dossiê de cópias já visto nesse mercado, abordar o modernismo no Brasil de um jeito divertidíssimo, importar conteúdo gringo de primeira e se importar com você, escrevendo e ilustrando incansavelmente como enxergamos a contemporaneidade.”
Erika Januza fala sobre racismo e a relação com o cabelo
Erika Januza
Erika Januza é atriz. Mas também é defensora das causas do movimento negro, embaixadora da Salon Line, já quis ser modelo, já pensou em desistir…
Ouvir Erika Januza é se sensibilizar. É perceber que, embora hoje ela pareça estar acima de temas que tanto afetam a vida de diversas mulheres negras, ela continua sendo uma de nós.
Em entrevistas anteriores, ela falou, por exemplo, sobre como pensou em desistir de seus sonhos depois do falecimento do seu pai, meses antes de ganhar seu primeiro concurso, sobre a experiência de ter seu cabelo cortado no PROJAC e do sentimento de receber a notícia de que seria a protagonista da nova produção da Globo.
Para a Pop-se, Erika surge em um ensaio fotográfico de Victor Affaro sob a direção criativa de Allex Colontonio e André Rodrigues e concede uma longa entrevista à editora Ana Paula de Assis, não se esquivando de perguntas sobre sua trajetória artística e o papel da mulher negra na sociedade e preconceito, por exemplo.
“Já fui aquela que se calava diante do preconceito. E eu entendo quem se cala. É um tipo de violência que a gente não está preparada. Ele acontece do nada e só por causa da cor da sua pele. Hoje, entendo que o preconceito pode acontecer em qualquer lugar e eu não o deixo passar. Se for preciso, vou para a Justiça. Racismo é crime! E temos a lei para nos defender. Não me calo diante de racistas”, afirma.
Ficou curiosa/o/e para ler a matéria completa? A revista estará nas bancas e livrarias ao redor do Brasil em breve! Enquanto isso, acompanhe pelas redes sociais.