Quarto episódio da série “Cultura de Periferia em Tempos de Pandemia” tem como convidado o artista Marcelo Palmares, integrante do coletivo Pombas Urbanas.
O projeto da Ponte Jornalismo com a produção da Todos Negros do Mundo segue firme. A série “Cultura de Periferia em Tempos de Pandemia” já está no seu quarto episódio e, dessa vez, o artista Marcelo Palmares é convidado para contar sobre o coletivo Pombas Urbanas.
O coletivo é uma ferramenta de transformação cultural e social. Além disso, se tornou um patrimônio da Cidade Tiradentes. Mas, com as dificuldades impostas pela pandemia, o Pombas luta para se manter voando alto.
A história começa lá em 1989, no bairro São Miguel Paulista. Foi no leste da capital que o projeto Semear Asas, coordenado pelo ator e diretor peruano Lino Rojas, teve início. Esse seria o embrião do Pombas Urbanas.
Depois de trabalhar com Lino em uma oficina, Marcelo e os outros integrantes fundaram o próprio coletivo. Entretanto, o início não foi fácil. Sem um local apropriado, o grupo ocupava praças públicas. “O teatro nunca fez parte do cotidiano das periferias, então em São Miguel isso era muito impactante”, relata o artista.
Por isso, para engajar a população, os personagens das peças faziam parte do dia a dia do bairro. Dessa forma, as pessoas podiam sentir o gosto da representação.
Uma curiosidade é o nome do coletivo, que não é um escolha do acaso. “Assim como os nossos familiares, que vieram das regiões do norte e do nordeste para tentar a vida em um grande centro, as pombas também. Eram consideradas um símbolo de paz, mas também tiveram que se adaptar a vida urbana e viraram ‘ratos de asas’,” declara Marcelo.
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O grande voo
Com o tempo, houve a necessidade de ter a própria sede, montada no extremo leste de São Paulo, na Cidade Tiradentes. O Centro Comunitário Arte em Construção abriga o coletivo e é um referência no bairro. A mudança foi também um novo começo para o grupo, que abriu os horizontes.
A princípio, o trabalho com a comunidade foi lento. Para inserir o teatro no cotidiano, foram feitas apresentações nas ruas, nas feiras e nas escolas. “A Cidade Tiradentes não se sentia parte da cidade de São Paulo.”
Mas foi preciso parar. A chegada da pandemia adiou os planos e paralisou as ações. O jeito foi continuar voando e contando com a ajuda da tecnologia. Marcelo começou a dar aulas de teatro online para crianças, além de outras atividades.
Enquanto ainda não é possível ter o contato necessário, a arte continua resistindo, principalmente na preferia. “Enfrentando a pandemia dentro das nossas possibilidades, sem perder a esperança”, afirma Marcelo.
Confira o episódio completo abaixo e acompanhe o trabalho das Pombas Urbanas.