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terça-feira, 03 outubro 2023
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Hilton Cobra retorna aos palcos com “Traga-me a cabeça de Lima Barreto!”

O ator Hilton Cobra volta para os palcos em formato presencial até o dia 14 de novembro

Além de Hilton Cobra, o espetáculo conta com as vozes dos atores Lázaro Ramos, Caco Monteiro, Frank Menezes, Harildo Deda, Hebe Alves, Rui Manthur e Stephane Bourgade em off nas cenas.

“Traga-me a cabeça de Lima Barreto!” tem a dramaturgia de Luiz Marfuz e direção de Onisajé (Fernanda Júlia), está de volta aos palcos em formato presencial, até 14 de novembro.

Hilton, que também é fundador da Cia dos Comuns realiza curta temporada de apresentações no Centro Cultural São Paulo (CCSP), Sala Ademar Guerra (Porão), com sessões de quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h.

Na quarta-feira, dia 10, tem uma sessão extra aberta ao público, às 21h, e dia 11, às 17h, será realizada ainda a roda de conversa “Duas ou três coisas que sei sobre Lima Barreto”, com a participação do escritor e dramaturgo Allan da Rosa; do escritor, artista-educador e produtor cultural Michel Yakini-Iman; e da artista e pensadora em dança, atriz, arte-educadora, gestora cultural e cientista social Gal Martins. 

Livremente inspirada na obra de Lima Barreto (1881-1922) – especialmente nos títulos “Diário íntimo” e “Cemitério dos vivos”–, “Traga-me a cabeça de Lima Barreto!” reúne trechos de memórias impressas nas obras do escritor, que são entrecruzados com livre imaginação.

O texto fictício tem início logo após a morte de Lima Barreto, quando eugenistas exigem a exumação de seu cadáver para uma autópsia a fim de esclarecer a seguinte questão: “como um cérebro inferior poderia ter produzido tantas obras literárias se o privilégio da arte nobre e da boa escrita é das raças superiores? “.

A partir desse embate, a peça mostra as várias facetas da personalidade e genialidade de Lima Barreto, sua vida, família, a loucura, o alcoolismo, sua convivência com a pobreza, sua obra não reconhecida, racismo, suas lembranças e tristezas. 

Escrito para comemorar os 40 anos de carreira de Hilton Cobra, o monólogo conta com trechos dos filmes “Homo sapiens 1900” e “Arquitetura da destruição, ambos cedidos pelo cineasta sueco Peter Cohen – que mostram fortes imagens da eugenia racial e da arte censurada pelo regime hitlerista. Lázaro Ramos, Caco Monteiro, Frank Menezes, Harildo Deda, Hebe Alves, Rui Manthur e Stephane Bourgade emprestam a voz para a leitura em off de textos de apoio à cena. 

“Ora, o contexto é o contexto. O contexto só existe na cabeça de vossas indolências. O único contexto que tem aqui é o seguinte: sou preto, pobre e escritor e estou sendo julgado não pelo mérito de minhas obras, mas sim pelo fato de assim eu ter nascido” – Trecho da dramaturgia de Traga-me a Cabeça de Lima Barreto

Lima Barreto 

Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) foi jornalista, escritor e crítico agudo na época da República Velha no Brasil. Nascido na cidade do Rio de Janeiro, no dia 13 de maio de 1881, sete anos antes da abolição da escravatura, teve a vida recheada de acontecimentos polêmicos, controversos e trágicos.

Retrato de Lima Barreto, no ano de 1914
Retrato de Lima Barreto, no ano de 1914. | Foto: Reprodução

Em sua obra, de temática social, privilegiou os pobres e os arruinados. Foi criticado por escritores contemporâneos por seu estilo despojado e coloquial, que acabou influenciando os escritores modernistas. Traduziu o Brasil por meio de obras com grande consciência crítica, pautadas na temática social, expressando injustiças como o preconceito e o racismo. 

“É importante e providencial discutir eugenia e racismo a partir de Lima Barreto nestes tempos de pandemia, em que a população negra e pobre é a mais atingida”, fala Hilton Cobra. “A covid-19 nos convida a dilatar as lentes do racismo, da injustiça, do não reconhecimento, das desigualdades e da violência.”

Cultura negra é destaque nas oficinas culturais

Hilton Cobra e a Cia dos Comuns


Criada em 2001, no Rio de Janeiro, pelo ator, diretor, produtor e gestor cultural Hilton Cobra, a Cia dos Comuns é um grupo de teatro formado por atrizes e atores negros com a missão artística e política de desenvolver uma pesquisa teatral negra que possibilite um maior conhecimento da nossa cultura, além de estimular o apuro técnico e a ampliação do espaço de atuação profissional de artistas e técnicos negros no mundo das artes cênicas.

Hilton Cobra na peça "Traga-me a cabeça de Lima Barreto."
Hilton Cobra na peça “Traga-me a cabeça de Lima Barreto.” | Foto: Adeloya Magnon

Na companhia, Hilton Cobra produziu os espetáculos “A roda do mundo”, “Candaces – a reconstrução do fogo” e “Bakulo – os bem lembrados”, além de produzir e dirigir “Silêncio”. Idealizou e realizou a mostra “Olonadé – a cena negra brasileira” e o Fórum Nacional de Performance Negra. “Traga-me a cabeça de Lima Barreto!”, que estreou em 2017 no Rio de Janeiro, teve a temporada de apresentações presenciais interrompida no início de 2020, quando a pandemia se instalou no país. 

Acompanhe o trabalho de Hilton e da Companhia pelas redes sociais.

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