A estreia da novela “Nos Tempos do Imperador” é um grande marco para a emissora, se trata da primeira obra em sequência e também a retomada da produção dos folhetins na pandemia. Porém outro ponto foi levantado por alguns internautas, principalmente no Twitter, mais uma vez vemos as histórias de pessoas negras a partir da violência.
Sabemos que a novela se passa na época da escravidão, mas vemos Dom Pedro II vestindo a camisa do herói branco. Um imperador não é um líder democrático e assistir o sofrimento dos negros não é exatamente representatividade.
A abolição da escravidão no Brasil foi uma apenas uma assinatura que não mudou a vida dos pretos. Em 2021 casos de racismo são comuns, balas perdidas, poucas oportunidades de trabalho e tantas outras dificuldades.
Retratar um homem branco que detinha literalmente todo o poder como um abolicionista em uma realidade em que a Lei de abolição não mudou a vida da população preta é difícil de engolir.
Ainda se luta por uma representatividade digna ou um retrato histórico com consciência. Por algum motivo dar vida a personagens negros é um desafio.
O que seria uma história negra? Uma novela negra? Um núcleo negro?
É de coisa de branco ou não?
Então, a novela “Nos Tempos do Imperador” é coisa de branco? É escrita por pessoas brancas e com algumas falhas históricas, mas para quem é bom noveleiro se torna um passatempo. As imagens e a trilha sonora chamam a atenção, são construídas com delicadeza.
Se você se interessa por televisão brasileira talvez seja interessante perder um tempinho, é uma boa novela que mais uma vez não entende a representatividade e ignora as tramoias que fazem parte da história do Brasil.
Mas para quem quer algo mais é melhor procurar outras maneiras de distrair a mente. Recentemente a Netflix lançou o filme “Fugindo do Amor”. Uma comédia romântica bem leve que entende como colocar o negro nas telas sem reforçar estereótipos.