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segunda-feira, 04 dezembro 2023
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Conheça a história de transexuais negros no Dia da Visibilidade Trans

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Com quantas pessoas transexuais você convive no seu dia a dia? Quantas travestis estudam ou trabalham com você? Você já namorou um ou uma transexual?

Por si só, falar de transexualidade no Brasil é falar de um cenário de marginalização. Aqui é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo em números absolutos, segundo dados da Transgender Europe (TGEU). Entre janeiro de 2008 e março de 2014, foram registradas 604 mortes, um número que pode aumentar drasticamente se consideramos casos subnotificados. São poucas as travestis que passam dos 35 anos, sendo que, 90% delas estão na prostituição, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA).

O cenário piora se fizermos um recorte racial dentro das questões de transexualidade. A invisibilidade aqui é muito maior. São opressões que se somam: pretos e pretas,  pobres em sua maioria, desviantes do papel de gênero que lhes foi atribuído ao nascimento. Juntas, essas opressões os empurram para longe. O enfrentamento dessas estruturas de poder é feito por homens e mulheres que resistem diariamente contra essas probabilidades. Homens e mulheres trans que se colocam na linha de frente da luta contra a transfobia. Na celebração do Dia Nacional da Visibilidade Trans, você vai conhecer três trajetórias de luta.

Gilmara Cunha

Gilmara Cunha é a primeira transexual a receber a Medalha Tiradentes – maior prêmio de honra dado pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Tal prêmio foi concedido por sua atuação no grupo Conexão G, que trabalha com a população LGBT no complexo da Maré. A violência contra LGBTs nos espaços periféricos ainda é grande, segundo ela. “Quem é gay, lésbica ou transexual de território de favela não usufrui dos avanços que os LGBTs do país vêm experimentando. Não lutamos para adotar um filho. Ainda estamos lutando para sobreviver”, disse a ativista em entrevista concedida a BBC Brasil. Ela é frequentemente convidada para palestrar sobre a temática e participa de diversas audiências públicas para pautar as necessidades de trans favelados.

Gilmara recebendo medalha. Foto: Alerj/Divulgação
Gilmara recebendo medalha. Foto: Alerj/Divulgação

Erika Hilton

Erika Hilton é a primeira candidata transexual que a cidade de Itu já teve. Entrou na última eleição como vereadora, mas teve a candidatura indeferida um dia antes das eleições, o que fez com que, mesmo tendo mais de mil votos, não pudesse assumir o cargo. Tal ação é entendida por ela como transfobia. Itu, que é o berço da república brasileira, ainda carrega consigo muitos traços de conservadorismo e pensamentos retrógrados. Ser travesti na periferia do interior do estado fez com que ela conhecesse o mundo da prostituição muito cedo.

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Erika Hilton em matéria para a revista Terraço, onde fala da conquista de seu nome social no cartão de ônibus da Viação Itu. Foto: Reprodução

Léo Peçanha

Homem trans e negro, Léo Peçanha está em frentes de militância como o TransRevolução, o Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat) e o Fórum Nacional de Pessoas Trans Negras. Entende que o ativismo é um ato político e procura com seus atos, dar a homens trans mais autonomia sobre suas vidas e na reivindicação de seus direitos. Com a sua militância, aprendeu a enxergar a transmasculinidade de diversas maneiras e percebe que a invisibilização de homens trans acontece porque, infelizmente, ainda não há na sociedade ao menos uma referência do que é ser homem trans, que são sempre vistos com o olhar patologizador ou lidos socialmente como “uma super lésbica”.

Léo Peçanha. Foto: Neto Lucon
Léo Peçanha. Foto: Neto Lucon

Essas três figuras, cada uma a seu modo, lutam por uma sociedade mais justa e mais digna a travestis e transexuais. Um dia como hoje é marco histórico para que histórias como essas não se percam e que direitos básicos sejam conquistados. Nome e sobrenome, carteira de trabalho, direitos trabalhistas. Coisas que aparentemente são banais tornam-se um sonho distante para quem é transexual, que vive tendo sua cidadania negada sistematicamente.

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