Em seu TED Talk, Shonda diz “Três shows produzidos por vez, às vezes quatro. Cada show cria centenas de empregos que não existiam antes. O orçamento para um episódio de um canal de televisão pode variar de três a seis milhões de dólares. Um episódio novo a cada nove dias vezes quatro shows, então a cada nove dias são 20 milhões de dólares na televisão, quatro programas de TV, setenta horas de TV, três shows sendo produzidos por vez, às vezes quatro, 16 episódios acontecendo juntos: 24 episódios de Grey’s Anatomy, 21 episódios de Scandal, 15 episódios de How to Get Away with Murder, 10 episódios de The Catch, isso equivale a 70 horas de TV, 350 milhões de dólares para uma temporada. Na TV americana, meus shows acontecem um após o outro nas noites de quinta. Ao redor do mundo, são exibidos em 256 territórios em 67 línguas para uma audiência de 30 milhões de pessoas. Meu cérebro é global e 45 horas dessas 70 horas de TV são shows que eu criei pessoalmente, não só produzi, então, além de tudo isso, eu preciso encontrar tempo, um tempo realmente criativo e silencioso para reunir meus fãs na fogueira e ler minhas histórias. Quatro programas, 70 horas de TV, três shows produzidos por vez, às vezes quatro, 350 milhões de dólares, fogueiras queimando ao redor do mundo todo. Sabe quem mais está fazendo isso? Ninguém.”
Quer apresentação melhor? Shonda é incomparável. No site de sua produtora, a respeitada Shondaland, há uma grande mensagem de motivação que diz “Poder não é poder se você não sabe que o possui.” E ela sabe, como sabe. E olha que seu discurso no TED é de 2016, decorrente de seu livro Year of Yes: How to Dance It Out (O ano em que disse sim: Como dançar, ficar ao sol e ser a sua própria pessoa, BestSeller), quando ela nem tinha assinado seu contrato milionário com a Netflix, que aconteceu em 2017. Mas já tinha, por exemplo, sido eleita como uma das 100 pessoas que ajudaram a moldar o mundo pela revista TIME. Ah, sim, isso sem contar que ela é mãe de três meninas, de quem ela fala muito em seu vídeo e no livro que motivaram seu discurso de “dizer sim para tudo”.
Shonda, que tem mestrado em cinema pela Escola de Artes Cinematográficas nos Estados Unidos, ganhou os holofotes com a série Grey’s Anatomy, que ela criou, escreve e dirige desde 2005. Mas sua carreira é muito anterior a isto. Sua primeira produção data o ano de 1995 e seu primeiro grande sucesso foi o filme de 1999 sobre a vida da cantora, atriz e dançarina Dorothy Dandridge, a primeira mulher negra a ser indicada para um Oscar, estrelado por Halle Berry.
Desde então, certamente tem produções que você nem sabia que tinham o nome dela envolvido (como o filme Crossroads – Amigas para sempre, que estrela Britney Spears) e revelações que Shonda chama de “detalhe” a respeito de sua obra mais longa até o momento. Aliás, Shonda diz já ter escrito 6 finais para Grey’s Anatomy, que já tem 16 temporadas e é a série médica mais duradoura do entretenimento. Ela brinca que sua filha e a filha da sua sócia serão responsáveis pela continuação do show.
Embora seja nítido nos discursos que Shonda é consciente de seu talento, a respeito de Grey’s Anatomy, por exemplo, ela atribui o sucesso da série a algo que, a princípio, parecia um simples detalhe. Em uma entrevista com Oprah, ela fala sobre a diferença entre Grey’s Anatomy e ER: “ER é medicina em alta velocidade. As câmeras vão para um lado e para o outro, a adrenalina está correndo. Meu show é mais pessoal. A ideia para a série começou quando uma médica me disse que era incrivelmente difícil depilar suas pernas no chuveiro do hospital. A princípio, parecia um detalhe bobo. Mas aí pensei sobre o fato de que talvez fosse o único momento e o único lugar que essa mulher tinha para depilar suas pernas. De tão difícil que o trabalho é.” A qualidade da série começa aí, mas vai muito além: Shonda conta, por exemplo, que o ator Isaiah Washington, que interpretou o Dr. Burke nas três primeiras temporadas, fazia turnos de 48 horas para acompanhar médicos antes de realizar suas cirurgias nas gravações.
Em qualquer que seja a produção, uma coisa é sempre notável nos trabalhos de Shonda Rhimes: o lugar e o poder atribuídos às mulheres. Ainda em entrevista para Oprah, ao ser questionada sobre a criação de cada personagem, ela diz: “Esta é difícil. Eu quis criar um mundo em que você sentisse que estava assistindo mulheres reais. A maioria das mulheres que eu via na TV não se pareciam com pessoas que eu conhecia de verdade. Elas nunca podiam ser sórdidas ou competitivas, ter fome ou sentir raiva. Elas eram com frequência nada além da esposa carinhosa ou a boa amiga. Mas quem pode ser a vadia? Quem pode ser a mulher tridimensional?”
O discurso de empoderamento feminino é presente em diversos posicionamentos de Shonda. No site da produtora Shondaland, por exemplo, também há uma parte da mensagem que fala sobre a importância da vitória coletiva, que não há um único herói e ter uma pessoa é tão importante quanto o ar. Que a verdadeira revolução está em nunca se desculpar por ser melhor que outras pessoas. Mas que nós também erramos o tempo todo e não nos importamos com quem sabe que erramos. Que se não gostamos da nossa história, precisamos reescrevê-la. E que, se não fizermos isso, alguém fará por nós.
E não é da boca pra fora. Ela mesma seguiu seu conselho. Em meio às suas produções milionárias, ela percebeu que estava perdendo momentos importantes com suas filhas e que já não sentia o mesmo prazer nas criações como já sentiu, ainda que ela seja apaixonada por seu trabalho. E foi justamente em sua reinvenção que ela se redescobriu.
E é justamente por pensar nesse cérebro global que cria, produz, escreve, mas que também fala sobre suas imperfeições e sobre como dedicar 15 minutos do seu dia para não pensar em nada além do momento que passa com as suas filhas podem mudar uma vida, que Shonda Rhimes é motivo de tanta inspiração!
Por isso, a loja TNM está lançando uma camiseta, como uma homenagem à admiração por essa mulher incrível, que você pode conferir aqui.