Por mais que os debates sobre racismo no Brasil tenham evoluído, muitas pessoas ainda acreditam que negros e negras não sofrem preconceito racial.
A verdade é que o mito da democracia racial por aqui é lido por muita gente como verdade. Mas episódios como o ocorrido com Sabrina Paiva, participante de “A Fazenda” nos mostram escancaradamente o que as pessoas não querem ver.
Não é a primeira vez que as câmeras captam comentários racistas. Em outro momento, o jornalista William Waack comentou no intervalo de uma gravação “é coisa de preto”, quando reclamava de buzinas durante a transmissão.
No caso de Sabrina, a Rede Record de televisão emitiu uma nota atribuindo a fala racista a um operador de câmera que teria sido demitido. No caso de Waack, também houve uma demissão, mas neste ano o jornalista foi contratado pela CNN Brasil.
De maneira geral, no Brasil, isso é o que acontece com racistas em frente às câmeras. Longe delas, então, negros são vítimas de preconceito por sua cor, religião, história, cultura.
Além disso, uma política de exclusão econômica da população negra faz com que poucas vezes esta parcela esteja em espaços de destaque. Fora a política de segurança pública que mata negros e negras inocentes diariamente ou os coloca atrás das grades tantas vezes de forma injusta ou sistêmica.
O que deve acontecer com o operador de câmera que, segundo algumas redes depois da demissão? É importante deixar de reduzir as ações e políticas antirracistas a uma demissão.
Até porque é de conhecimento de todos que um presidente racista foi eleito e, nos meios de comunicação, existe um canal com o qual ele tem criado grandes laços.
Se houve espaço para este tipo de comentário na produção de “A Fazenda”, é porque provavelmente este tipo de pensamento conta com alguma aprovação.