Com a chegada da Netflix, ou melhor, com os filmes de Nollywood chegando na Netflix, os filmes africanos ganharam um pouco mais de notoriedade por aqui. Mas não com a variedade dos filmes da Mostra de Cinemas Africanos. E nem pelo mesmo preço: a assinatura da Netflix é paga e a Mostra de Cinemas Africanos é gratuita!
Me lembro que várias amigas comemoraram quando assistiram ao filme Solteiramente. Talvez não seja um filme de grandes reflexões, mas muitos outros não são e ainda assim fazem sucesso com seu elenco quase que majoritariamente branco. A gente também merece a nossa chance de conferir produções diversas e se sentir representades, né? Mas a gente também merece conhecer a diversidade do continente africano, então aí vão algumas opções.
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Mostra de Cinemas Africanos
Você já viu vídeo de alguma influenciadora dando dicas de produtos que “infelizmente não tem no Brasil”? Aqui é o contrário. Se você estiver fora ou não morar aqui no Brasil, sorry, mas estas produções não estarão disponíveis por aí. A mostra é exclusiva para o território brasileiro.
A maioria dos filmes dessa mostra são inéditos aqui no Brasil! São 7 documentários em longametragem e 14 curtas de ficcção. A curadoria de longas é assinada por Ana Camila Esteves e Beatriz Leal Riesco, idealizadoras da Mostra de Cinema Africanos.
“O recorte curatorial de toda a Mostra atende à demanda por promover o contato com as estéticas e narrativas presentes na cinematografia africana contemporânea, ainda pouco conhecida pelo público brasileiro”, destaca Ana Camila Esteves. Além dos filmes, a programação conta com comentários de especialistas nos três programas de curtas, uma mesa redonda sobre o documentário nos cinemas africanos contemporâneos e a produção de um catálogo com apresentações dos filmes e textos de convidados.
Esta edição especial da Mostra de Cinemas Africanos tem realização da Ana Camila Comunicaçãoe Cultura e Cineclube Mário Gusmão, com parceria da Spcine Play. O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.
Documentários: Ativismo, crítica social e protagonismo feminino na Mostra de Cinemas Africanos
Os longas selecionados têm foco absoluto em documentários da cinematografia africana contemporânea, todos inéditos no Brasil e produzidos em países como Quênia, Marrocos, Gana, Egito, Etiópia e República Democrática do Congo.Os documentários giram em torno da ideia de ativismos africanos e traçam um breve panorama das formas contemporâneas de luta e resistência em diversos territórios do continente. Tanto no âmbito macro como no micro, as narrativas apresentadas oferecem ao público brasileiro um repertório atual sobre exercícios diários de lutas cotidianas, que vão desde enfrentamentos corpo a corpo na rua até investigações íntimas sobre o passado e a relação com diferentes gerações de uma família.O filme de abertura, “Pare de nos filmar”
(“Stop Filming Us”) (2020) é um dos destaques da programação, que tem coprodução entre República Democrática do Congo e Países Baixos. Dirigido por Joris Postema, o documentário apresenta uma sofisticada autocrítica do exercício de filmar a África e os africanos e coloca em perspectiva diferentes olhares que ao final se perguntam: quem pode (nos) filmar? Outro destaque é “Softie” (2020), um dos filmes mais exibidos e celebrados em festivais internacionais em 2020, que segue a trajetória do jovem ativista queniano Boniface Mwangi a partir da relação com a sua família.Narrativas íntimas e de mulheres potentes norteiam dois dos filmes da Mostra. Em “Descobrindo Sally” (“Finding Sally”) (2020), a diretora Tamara Dawit decide descobrir a história de sua tia Sally, que morreu durante a revolução etíope após ter se tornado ativista em uma viagem de férias ao país.
Já em “Vamos Conversar” (“Let’s Talk”) (2019) a diretora Marianne Khoury explora junto com sua filha quatro gerações da sua família e reflete sobre como é ser mulher nesse micro espaço da sociedade egípcia contemporânea.“Um Lugar sob o Sol” (“A Place Under the Sun”) (2019) joga luz sobre os vendedores ambulantes no Marrocos e apresenta de forma sutil e sugestiva suas existências complexas e suas relações familiares, a dureza da vida na rua e o impacto do progresso em grandes cidades sobre esta parcela da população. Também em “Sakawa” (2018) observamos um questionamento sobre a forma de sobreviver na África contemporânea, através do longa dirigido pelo ganês Ben Asamoah, que desvenda e acompanha de perto um esquema de golpes via internet.O longa que encerra a Mostra é o documentário queniano “Me Chamo Samuel” (“I am Samuel”) (2020), que retrata o romance homoafetivo protagonizado por dois homens e as adversidades encontradas num país como o Quênia, cujas leis criminalizam qualquer um que se identifique como LGBTQI+.
Programas de curtas: memórias, vivências e corpo-território
Serão exibidos 14 curtas-metragens organizados em três programas. A curadoria dos curtas é assinada por Jamille Cazumbá, Ema Ribeiro e Álex Antônio, todos integrantes do Cineclube Mário Gusmão, e é resultado de um processo prático de formação em curadoria no âmbito do projeto.
O primeiro programa de curtas, intitulado Memória: performatividades entre-tempos, reúne cinco filmes que exploram linguagens experimentais em torno de nuances da memória. O segundo, Vivências do novo e perspectivas do agora, explora a diversidade de experiências das infâncias e juventudes africanas contemporâneas. Já o terceiro, Corpo-território: transversalizando os espaços, apresenta narrativas que colocam em disputa diferentes noções de territorialidades quando falamos de África. Os filmes que compõem a programação de curtas são todos de ficção e inclui quatro inéditos no Brasil: “Ward e a Festa da Henna” (Egito), “Tab” (África do Sul), “Encrenqueiro” (Nigéria) e “Boa Noite” (Gana) – este último integra a shortlist para indicação ao Oscar 2021.
Como assistir aos filmes
Para assistir aos filmes é preciso entrar no site www.spcineplay.com.br e fazer um rápido cadastro na plataforma parceira Looke. Em seguida é só clicar na aba do site referente à Mostra de Cinemas Africanos e escolher o título desejado. Os filmes ficam disponíveis na plataforma exclusivamente durante o período da Mostra, dentro da programação, e somente em território brasileiro.
Sobre a Spcine Play
A Spcine Play conta com mais 300 títulos, divididos entre filmes, séries e conteúdos exclusivos que podem ser acessados gratuitamente de qualquer lugar do Brasil até o dia 31 de março de 2021. No catálogo estão disponíveis raridades de grandes nomes do cinema brasileiro, como Hector Babenco, Zé do Caixão, Suzana Amaral, Helena Ignez, Tata Amaral e Ana Carolina. Há ainda filmes das principais mostras e festivais de cinema de São Paulo, como o Festival de Cinema Latino Americano e o Festival Mix Brasil. Destaque também para a estante da Mostra do Audiovisual Negro – Apan, que abriga 35 títulos atualmente
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SERVIÇO:
Mostra de Cinemas Africanos
Data: Até 22 de março de 2021
Onde: Spcine Play: spcineplay.com.br Online e gratuito
Mais informações: mostradecinemasafricanos.com
Instagram: @mostradecinemasafricanos
Facebook: /mostradecinemasafricanos