De 18 a 22 de Março acontece o 1º Festival Margem Visual – Performance Periférica na Rede. Realizado de forma totalmente remota, o projeto foi criado pelo Mó Coletivo, grupo formado por cinco mulheres artistas-pesquisadoras de origem periférica que selecionou, através de convocatória gratuita, 20 artistas residentes nas periferias do estado do Rio de Janeiro – ou que tenham tais regiões como tema de seus trabalhos. As criações selecionadas nas categorias Vídeo, Fotografia e Ao Vivo (realizado por transmissão em streaming pelo YouTube e Zoom para trabalhos que contenham nudez) serão exibidos nas redes sociais e no site do Festival. Cada artista selecionado receberá uma premiação no valor de R$ 500 pela participação.
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Carolina Rodrigues, Laís Castro, Luana Aguiar, Mariana Maia e Mery Horta, as artistas integrantes do Mó Coletivo, estão entusiasmadas com os trabalhos que serão exibidos no Margem Visual – Performance Periférica na Rede. “Estes artistas já estão aí trabalhando e produzindo há anos, nós só pretendemos fomentar esse encontro e ampliar sua visibilidade. A qualidade está muito alta, o que prova que artistas de periferia têm a potência necessária para estar no mercado da arte contemporânea. E quando falamos mercado, falamos em pagamento pelo trabalho, em valorização da arte enquanto reconhecimento de que é feito por pessoas que passam a vida pesquisando, trabalhando em função disso”, destaca Mery Horta.
Pagar o prêmio para os artistas selecionados é uma forma de inseri-los e fomentar sua presença no mercado de arte, além de inserir, ao mesmo tempo, o próprio Festival Margem Visual. “Artistas também pagam contas e precisam sobreviver. A arte também é trabalho. Vamos mostrar que o que é produzido na periferia do Rio de Janeiro pode estar em qualquer museu ou galeria do mundo. Esta também é a importância de ser um festival online, mais acessível aos diversos públicos. Acreditamos que o Festival pode trazer mais reconhecimento à produção destes artistas. Neste momento de pandemia, as dificuldades financeiras se intensificam, na medida em que a maioria dos eventos de arte estão suspensos e espaços fechados”, reforça Luana Aguiar.
Com a vivência de quem possui origem periférica, as integrantes do Coletivo sabem de cor os desafios que enfrentam os artistas locais. “Todas nós trabalhamos paralelamente em outras funções para poder ter o sustento em nossas casas. A artista que vem de uma família onde é a primeira de todas as gerações a entrar na universidade, que precisa pegar um trem lotado para ir e voltar do trabalho nas áreas centrais da cidade, que precisa cozinhar no dia anterior para levar a marmita, que não tem o mesmo tom de pele dos colegas que estão expondo na mesma galeria. Estas e outras situações tornam a pessoa oriunda da periferia com uma visão e um agir diferentes no mundo. A nossa relação com o território e com a vida é outra, transitamos em diferentes mundos”, relata Carolina Rodrigues.
Abarcar artistas da performance é outro ganho do FMV. “Como esta linguagem artística costuma ser desvalorizada, muitos artistas realizam de graça suas performances em exposições. Ter a possibilidade de dar um prêmio em dinheiro legitima duplamente a arte periférica e a arte da performance”, complementa Mariana Maia. “Acreditamos que o campo da arte, mais especificamente as artes performáticas, em toda sua amplitude, pode ser democrático e acessível a uma parcela maior da população. Investir nos artistas periféricos por meio do Festival, neste sentido, vem para criar um espaço na arte contemporânea, onde a performance periférica se torna vista e inteligível para todes”, encerra Laís Castro.