Atriz, cantora, compositora e ativista, Linn da Quebrada surpreende desde seus primeiros trabalhos pela irreverência com que sobe ao palco ou caminha pela vida. Enviadescendo, a artista bicha, trans, preta e periférica acredita mesmo que música é responsabilidade social.
A prova disso foi a decisão da cantora após convite para participar do The Tel Aviv International LGBT Film Festival, com o filme Bixa Travesty. Linn decidiu boicotar o evento cancelando sua participação como protesto contra Israel e suas políticas genocidas sobre a Palestina: “Semanas atrás, quando divulgamos as datas e cidades da #TravaTour3, recebi muitos comentários – por aqui e nas outras redes – em relação a minha ida para TelAviv (Israel), onde participaria do evento TLVFest. Foram muitas as mensagens pedindo pelo boicote a Israel e me abrindo para uma reflexão maior e mais profunda sobre o que tem acontecido por lá“, comentou a artista em seu Instagram.
Ainda de acordo com depoimento na mesma rede social, a artista explicou não ter sido fácil tomar essa decisão principalmente por reconhecer o convite como uma possibilidade de aproximação: “Meses atrás, quando soubemos que o filme Bixa Travesty havia sido selecionado para integrar a programação do festival, enxergamos ali uma possibilidade de abrir diálogo e estreitar redes com um novo público, que, assim como nós, também tem criado suas próprias formas de (r)existência enquanto comunidade TLGB.”
Apesar disso, ouvindo pessoas daqui e de lá, juntamente à equipe, para entender melhor o panorama político, Linn da Quebrada escolheu o boicote ao evento. Em reconhecimento à decisão, a cantora recebeu uma carta de apoio assinada por Angela Davis, líder negra feminista dos EUA, reforçando a importância de uma postura interseccional nas lutas diárias e ressaltando a força presente em sabotar eventos como esse em contextos de violência.