Olhando e sentindo a comoção pelo falecimento de bell hooks, me lembrei de outro momento: a morte precoce de Chadwick Boseman. Toda vez que um ídolo preto parte, é como se um parente tivesse ido. Claro que é difícil perder personalidades grandiosas, mas além disso tem o fardo de saber que é muito mais trabalhoso uma pessoa preta se tornar um ídolo.
Talvez tenhamos poucos, porém não por falta de talento e sim de oportunidade. Chadwick Boseman faleceu aos 43 anos e estava no auge de sua carreira, porque a chance de interpretar um herói chegou mais tarde e virou um legado para uma geração inteira.
Os ídolos são muito importantes na construção da personalidade. Quando falamos em autoestima das crianças, por exemplo, uma das questões é elas não se reconhecerem, não poderem admirar um personagem e ainda falar “ele se parece comigo”. Com o passar dos anos, essa necessidade também se mostra presente.
Adultos também precisam de ídolos
bell hooks era, e ainda é, um porto segura para muitas mulheres negras, passando do título de ídolo, ela representava um guia nessa vida cheia de padrões e imposições. Assim, os adultos também querem seus ídolos para poder se apoiar, se inspirar e quem sabe acreditar um pouco mais.
“Eu não terei a minha vida reduzida. Eu não vou me curvar ao capricho ou à ignorância de outra pessoa. Saber ser solitário é fundamental para a arte de amar. Quando conseguimos estar sozinhos, podemos estar com os outros sem usá-los como formas de escape”
Bell Hooks
Câncer de Cólon: O que é a doença que levou Chadwick Boseman?
Esse foi um período de perdas, podemos citar Ismael Ivo, o ídolo do balé nacional que nos deixou muito cedo; o cantor Cassiano, que inclusive merecia um reconhecimento maior.
Os ídolos continuam vivos por meio do seu legado, mas é sempre difícil se despedir sabendo que para a comunidade negra um ídolo pode representar muito mais.