Um dos maiores atores brasileiros do século XX, Grande Otelo fez comédia, drama e não deixou de usar a sua arte como crítica social
Grande Otelo era pseudônimo para o nome de batismo. Sebastião Bernardes de Souza Prata era mineiro, nascido na cidade de Uberlândia, em 18 de outubro de 1915. Sua carreira começou cedo, aos sete anos de idade participou de uma apresentação do circo que estava de passagem pela cidade, se vestiu de mulher e interpretou a esposa de um palhaço. A performa do jovem impressionou e arrancou risos da plateia: ali tinha encontrado a sua vocação.
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Apesar da infância difícil, o ator conseguiu dar a volta por cima. Depois da morte do seu pai, ele decidiu fugir para São Paulo com uma companhia de teatro mambembe – também conhecido como teatro itinerante. Essa prática começou nos tempos medievais e até hoje existem grupos que continuam a tradição. Chegando na cidade ele foi adotado pela família do Antônio de Queiroz.
Sebastião ganhou o apelido na Companhia Lírica Nacional, onde fazia aulas de canto lírico. O seu maestro acreditava que quando ele crescesse poderia cantar a ópera Otelo, de Verdi. Por sua pequena estatura recebeu o apelido de Pequeno Otelo, mas depois a crítica o apelidou de “Grande Otelo”. Com 11 anos ele ingressou na “Companhia Negra de Revista”, composta exclusivamente por artistas negros, entre eles, Pixinguinha, que atuava como maestro, o músico Donga e a atriz e cantora Rosa Negra. Em 1932 entrou para a “Companhia Jardel Jércolis”, um dos pioneiros do teatro de revista – gênero teatral voltado para sátira social e política em que os atos são compostos por esquetes com música e dança.
Com esta companhia foi para a cidade do Rio de Janeiro. Entre 1938 e 1946, fazia trabalhos na Rádio Nacional, na Rádio Tupi, entre outras. No Cassino da Urca participou de diversos espetáculos. Otelo chegou a contracenar com a atriz e dançarina norte-americana Josephine Baker, que considerou uma das mais importantes apresentações de sua carreira.
Grande Otelo tinha apenas 1,50 metros de altura, viveu numa época em que os negros não podiam entrar pela porta da frente do Cassino, mas a sua contratação mudou esta regra. Foi um artista completo, participou de filmes renomados como Moleque Tião” (1943), de José Carlos Burle – que foi o primeiro sucesso da produtora “Atlântida” onde Grande Otelo fez uma grande parceria com “Oscarito”, que se tornou a dupla mais famosa e bem sucedida do cinema brasileiro, com os grandes sucessos: “Noites Cariocas” (1935), “Este Mundo é um Pandeiro” (1946), “Três Vagabundos” (1952), “A Dupla do Barulho” (1953) e “Matar ou Correr” (1954), “Assalto ao Trem Pagador” (1962), “O Dono da Bola” (1961), “Quilombo” (1984).
Na década de 1960 começou a realizar diversos trabalhos na TV Globo. Participou da novela “Sinhá Moça” (1986), do humorístico “Escolinha do Professor Raimundo” (1990/1993) e a novela “Renascer” (1993). Grande Otelo foi casado com a atriz e dançarina Maria Helena Soares (Joséphine Hélene) e com Olga Prata, com quem teve quatro filhos, entre eles o ator José Prata. Em 1993 viajou para a França para receber uma homenagem no Festival dos Três Continentes realizado na cidade de Nantes. Infelizmente ele morreu nesta mesma viagem, em 26 de novembro de 1993.