A cantora Elza Soares foi uma das atrações do desfile da Acadêmicos do Baixo Augusta neste domingo (16). Assim como Fafá de Belém, Elza, que tem 89 anos, promoveu uma das apresentações mais politizadas do dia. “A Carne”, canção que fala sobre racismo, foi a primeira música que ela cantou ao subir no palco, por volta das 17h.
Paralelamente à apresentação da artista, o Baixo Augusta revelou seu tradicional grafite que, este ano, foi uma homenagem à Elza Soares. O bloco grafitou, em um prédio, localizado na Consolação, uma imagem enorme da cantora com a seguinte frase: “Viva a Resistência”, tema do desfile do Baixo Augusta deste ano.
Carnaval no Rio
Além das homenagens que ganhou em São Paulo, Elza também será homenageada no Rio de Janeiro. A cantora será o samba-enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel. Com o título “Elza Deusa Soares”, a agremiação quer mostrar todas as facetas da artista cuja carreira é marcada pela luta contra o racismo, a censura, o preconceito e a violência contra a mulher.
A Mocidade Independente de Padre Miguel desfila na segunda-feira (24) de carnaval. A escola é a quinta agremiação a desfilar na Sapucaí. Confira o samba-enredo da Mocidade:
Letra do samba da Mocidade Independente de Padre Miguel
Lá vai, menina
Lata d’água na cabeça
Esqueça a dor
Que esse mundo é todo seu
Onde a água santa foi saliva
Pra curar toda ferida
Que a história escreveu
É sua voz que amordaça a opressão
Que embala o irmão
Para a preta não chorar
Se a vida é uma aquarela
Vi em ti a cor mais bela
Pelos palcos a brilhar
É hora de acender
No peito a inspiração
Sei que é preciso lutar
Com as armas de uma canção
A gente tem que acordar
Da “lama” nasce o amor
Quebrar as agulhas
Que vestem a dor
Brasil
Esquece o mal que te consome
Que os filhos do Planeta Fome
Não percam a esperança
Em seu cantar
Ó nega!
Sou eu que te falo em nome daquela
Da batida mais quente
O som da favela
A resistência em oração
Se acaso você chegar
Com a mensagem do bem
O mundo vai despertar
Deusa da Vila Vintém
És a estrela
Meu povo esperou tanto pra revê-la
Laroyê e Mojubá
Liberdade
Abre os caminhos pra Elza passar
Canta Mocidade!
Essa nega tem poder
É luz que clareia
É samba que corre na veia