Toda vez que falamos de BBB, alguém fica bravo. Por mais que reality shows pareçam apenas fúteis, eles também são um retrato da nossa sociedade.
Neste ano, o BBB levantou questões importantes: machismo, sexismo, relacionamento abusivo… E racismo. Muito racismo. Principalmente velado. Mas ninguém viu.
Vale lembrar que em 2019, a vencedora do reality foi racista em referência às religiões de matriz africana e nada aconteceu. Pelo contrário: Paula von Sperling levou o prêmio pra casa.
Será que de repente nossa sociedade mudou tanto? Ou estamos falando de comoção seletiva? Parece que as pessoas sensatas do início do programa já não são tão sensatas assim, mas não há uma reação específica do público quanto a isso. Nem sequer dos próprios participantes.
Em contrapartida, um outro cenário surge concomitantemente: Thelma e Babu como última opção sempre. Seja para comer com mais opções no VIP, seja para acompanhar alguém nas provas.
Não tem muita gente falando disso. Além disso, no ano passado, participantes negros indagaram sobre muitas questões: machismo, racismo, gordofobia. Mas a reação sobre a militância de um participante negro costuma ser diferente da militância de alguém branco.
Toda conquista é importante. Mas o principal empecilho de se entender como desconstruído é não ter espaço para mais desconstrução. A prova disso é que as fadas sensatas já foram racistas. De forma velada ou não.
Marcela não enxerga Babu no VIP. Claro. Por que um homem negro caberia no espaço em que se pode comer à vontade? Gizelly disse que só não comeria o arroz que Babu fez se estivesse “macumbado”. Ninguém falou nada a respeito.
A noção de sensatez da internet e dos confinados passou longe.