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terça-feira, 03 outubro 2023
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Anastácia Livre: O resgate de um símbolo após mais de 200 anos

A pintura do francês Jacques Etienne Arago de uma mulher escravizada, de 1817, se popularizou e agora se torna Anastácia Livre

A imagem por si só já carrega um grande peso: a mulher amordaçada é apenas um reflexo dos horrores causados pela escravidão. Por isso, ressignificar esse símbolo é uma missão importante e necessária. Anastácia Livre tomou conta das redes sociais, na tarde da quinta-feira (20), quando a cantora e atriz Linn da Quebrada fez sua entrada oficial na casa do BBB22 usando a estampa da obra de Yhuri Cruz.

O desenho faz parte da arte “Monumento à voz de Anastácia“, que também está na exposição de sucesso da Carolina Maria de Jesus, no IMS em São Paulo, onde são distribuídos santinhos de oração com a mesma imagem da camiseta.

Yhuri comemorou, em suas redes sociais, a entrada triunfal da amiga e a chance de poder levar resistência para uma das maiores emissoras do Brasil.

Obra "Anastácia Livre", do artista Yhuri Cruz
Obra “Anastácia Livre”, do artista Yhuri Cruz | Foto: Divulgação

“Eu e Lina planejamos isso desde o meio de dezembro. Como alcançar os circuitos midiáticos com uma imagem de liberdade radical? Ela me convidou então para gente pensar uma camisa exclusiva para sua entrada no grande reality do Brasil! Muito feliz e orgulhoso por isso”

“O letramento racial no Brasil é tão raso que infelizmente uma mulher preta e empoderada não conhece sua própria história”

Anastácia Livre só conquistou sua liberdade após a morte

A escravizada que virou santa provavelmente só sentiu o milagre na hora de sua partida. Anastácia foi uma negra escravizada, que veio Congo no século XVIII e foi condenada a usar uma mordaça pelo resto da sua vida por ter enfrentado um homem branco que tentou abusar sexualmente dela. Com isso, sua imagem se tornou um símbolo de resistência. Porém, na grande maioria das vezes, Anastácia é retratada com esse instrumento de tortura.

Por isso, a obra Anastácia Livre é uma potência, afinal, é a restauração não apenas de imagem, mas de um vida que foi usurpada. Acredita-se que Anastácia era dona de uma beleza invejável e que, além disso, tinha dom de curandeira. Salvou muitas vidas e se tornou uma imagem de fé e devoção. Quando faleceu, seus restos mortais foram sepultados na Igreja do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, no Rio de Janeiro, mas sumiram após um incêndio.

Estreia do BBB22: Letramento racial e outras reflexões

Oração da Anastácia Livre, obra de Yhuri Cruz
Oração da Anastácia Livre, obra de Yhuri Cruz | Foto: Divulgação

A Igreja do Rosário é um berço da construção de alianças entre as pessoas negras (escravizadas e livres). O culto à Anastácia se iniciou em 1968, em uma exposição em homenagem aos 90 anos de Abolição.

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