Todo carnaval é a mesma coisa: vai chegando o final de fevereiro e o estereótipo da mulher negra se torna fantasia de quem jamais passou pelo bloco do bom senso.
O colorido da maquiagem mal passada, o andar desengonçado e a maneira caricata de se portar são características do que eles chamam de nega maluca.
Na internet, tutoriais de maquiagem e de fantasia preparada em casa reforçam os estereótipos e a violência simbólica sobre um personagem criado com base no racismo estrutural, mascarado de diversão às custas de uma parcela vulnerável da população.
Afinal, a nega não tá maluca. Nunca esteve. Na verdade, maluquice é entender uma expressão como essa enquanto brincadeira e perpetuar preconceitos. Maluquice não, irresponsabilidade.
A partir de composições como a da nega maluca, mulheres negras costumam ser ridicularizadas, hipersexualizadas ou entendidas como barraqueiras – às vezes, todas opções ao mesmo tempo -, o que colabora para a construção do imaginário social que as exclui e marginaliza diariamente.
A mulher negra está cada vez mais forte, cada vez mais livre, cada vez mais valorizada, cada vez mais engajada, cada vez mais empoderada. E isso também não é fantasia: é realidade.