Miriam Selva é convidada para falar sobre A Casinha. O coletivo nasceu do embrião de dois outros grupos. Primeiramente, veio o teatro Negro Sim, que há mais de 20 anos potencializa os talentos negros na periferia do Butantã, na zona oeste da capital paulista. Pouco tempo depois, a educadora também ajudou a fundar a Coletiva Levante Mulher. Sua motivação? A luta contra o machismo. Ainda mais após um caso de feminicídio que aconteceu contra uma aluna do grupo de teatro e um estupro coletivo contra outra adolescente.
Mas a história não acaba aí, na verdade, só está começando. No sexto episódio de Cultura de Periferia em Tempos de Pandemia, série da Ponte em parceria com o Todos Negros do Mundo disponível no YouTube e exibida aos sábados na Rede TVT, a educadora conta como transformou a própria casa num espaço que ela denomina como de arte e de afeto.
Miriam criou um lugar de acolhimento, quando percebeu que a cultura era a única salvação. “No fundo do Butantã não existia nenhum espaço de cultura. Então, tem essa necessidade de transformar nossa realidade, e fez com que eu transformasse a minha própria casa na Casinha.”
Hoje em dia 104 famílias atuam no coletivo, com os encontros e oficinas. Isso porque a comunidade abraçou esse espaço e a casinha se tornou a casa de todos. Desde 2016, o grupo conta com a ajuda de editais para produzir eventos e também consegui ampliar as instalações. O que nasceu em um quintal , hoje conta com um teatro de arena, uma sala de multimídia e uma de balé, que será inaugurada.
Mantendo “A Casinha” em ordem
O período de pandemia também abalou toda a dinâmica. Miriam conta que A Casinha fechou em 18 de março e mesmo assim continuaram arrecadando cestas básicas. As doações são para a comunidade e também parte da equipe. Entretanto, em alguns momentos, foi difícil continuar com a ação.
“Teve dois meses que não conseguimos, é bem difícil. Temos que ir atrás do poder público e fomentar vaquinhas.”
Atualmente, o grupo está contemplado com dois editais e criando atividades online pelas redes sociais. Mas, mesmo com as dificuldades, Miriam vê o lado bom das coisas. As apresentações pela internet foram capazes de aproximar um público distante.
Coletivo Pombas Urbanas continua espalhando arte
“As pessoas ainda sentem falta. Afinal, nem todos conseguem acessar as atividades, estamos na periferia e a realidade é diferente. Por exemplo, as nossas crianças que frequentam a casinha ficam muito na rua, não tem isolamento. Elas passam na porta e choram querendo entrar.”
Por isso, o grupo criou o Kit Afeto, que conta com livros para colorir com desenhos de princesas negras e brinquedos. Essas atitudes mostram que o coletivo busca fazer revolução pelo amor e carinho. A Casinha continua resistindo, mas você pode contribuir para ajudar a iniciativa, basta acompanhar a página do Facebook do coletivo.