Nos últimos dias, viralizou na internet a imagem de uma criança fantasiada de escrava, postada no Instagram de sua mãe, Sabrina Nóbrega, com legendas que diziam estar abrasileirando o Halloween.
O menino branco usava tinta marrom em sua pele, chinelos e correntes pelo corpo que subiam até seu pescoço. Além disso, a simulação de um ferimento enfeitava seu peito e vergões as suas costas.
Em seu Instagram, agora fechado, a mãe ainda citou o quanto seu filho absorveu o personagem. A mulher só não entendeu que negro escravizado não é personagem e escravização do negro não é fantasia.
Foram mais de 300 anos de escravização da população negra em diáspora contra 130 anos de abolição da escravatura. 130 anos que parecem não ter explicado a gravidade de um sistema que agride alguém por causa de sua cor.
O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravatura e, por isso, carrega de reflexos a maior parte de sua população. Isso porque na Pátria Amada, o racismo é velado.
Está presente no emprego não conquistado, no presídio cheio de pretos e pretas, na universidade majoritariamente branca e na mãe que acha graça em fantasiar seu filho de negro escravizado. Essa fantasia numa criança, pensada pela própria mãe, nada mais é do que como reverbera uma sociedade veladamente racista.