No próximo dia 21 é celebrado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Em São Paulo, vestidos de branco, entre 15 e 18 horas, umbandistas, candomblecistas e todos aqueles que indignam-se com atos de preconceito e ódio contra qualquer religião se encontram no vão livre do MASP, localizado na Avenida Paulista.
A data que homenageia Mãe Gilda de Ogum, a fundadora do Ilê Axé Abassá de Ogum, terreiro em Salvador (BA), é também uma maneira de reconstituir a honra de quem se entregou ao asé.
Mãe Gilda – conhecida como Iyalorixá Gildásia dos Santos e Santos – sofreu intolerância de forma covarde quando ilustrou, com roupas de sacerdotisa, uma matéria que colocava pais e mães de santo como charlatões. A partir disso, sua casa foi invadida, seu marido agredido, seu terreiro depredado e sua vida interrompida por um infarto cerca de um ano após a publicação.
Anos depois, em 2007, foi sancionada a Lei nº11.635, que transformou 21 de janeiro em dia de conscientização, reunindo diferentes religiões de matriz africana, na busca por respeito à diversidade. Na data, pontos estratégicos de todo o Brasil são tomados pelo som dos atabaques que reivindicam um Estado laico, sob a força de seus ancestrais.
Apesar da conquista, o desrespeito ainda divide espaço com o povo que cultua os orixás. Alguns adeptos das religiões afirmam o problema ser o preconceito a uma cultura de quem veste branco na roupa e preto na pele. As religiões de matriz africana foram trazidas ao Brasil no período de diáspora que trouxe mais de dois milhões de africanos para a terra do pau-brasil. Sendo assim, o que a lei chama de intolerância seria na verdade racismo, já que o Candomblé, as bases da Umbanda e tantas outras crenças e costumes vieram com os povos da África e se tornaram herança ao povo brasileiro.
Ainda assim, que em todo o Brasil seja reivindicado o direito de crer no que se quer: que as vestes brancas tomem conta das ruas no dia 21, em sinal de paz, respeito, sensibilidade e, sobretudo, de muita resistência.
Axé pra quem é de axé!
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