A dinâmica de observar pessoas em situações de resistência ou até mesmo no cotidiano é bem antiga. Um grande exemplo foram os Gladiadores da Roma Antiga. Os lutadores ficavam horas duelando entre si ou com animais ferozes, tudo para entreter a plateia. Ainda bem que esse tipo de programa se tornou ultrapassado, mas a essência ainda continua e segue movimentando formatos como o BBB.
Para muitos, o entretenimento proporcionado por um reality show é raso, superficial e distante das questões da sociedade. Porém o Big Brother foi criado exatamente para isso, ser algo que pudesse alienar e não ter uma completa ligação com os problemas reais.
Existem milhões de motivos para alguém decidir dar o play. Atualmente, os fãs tendem a comentar tudo que acontece no Twitter, fazendo com que o reality seja acompanhado por muita gente. E sejamos ser sinceros: quem nunca ficou a par de um barraco ou de uma prova do líder, mesmo sem querer?
Depois da pandemia, o formato cresceu ainda mais. Afinal, muita gente em casa querendo apenas se distrair e por um minuto esquecer das mortes, do medo e da incerteza. Além disso, o BBB 20 inovou colocando os “Camarotes”, pessoas famosas, e aí é que mora parte do perigo. A chance de ver nossos “ídolos”, ou aqueles que admiramos 24 horas por dia pode ser desoladora, eles erram, fazem complô, falam mal dos outros, gritam, como pode uma coisa dessas? Eles são humanos. E o mesmo raciocinío vale para quando você estiver assistindo as pessoas pretas no BBB.
E as pessoas pretas do BBB 22?
Ao todo, temos nove participantes pretos e se me perguntar a minha singela opinião, vou responder que fico preocupada, talvez para negros e negras nem todo tipo de representatividade seja efetiva. Inclusive, ano passado tivemos uma amostra disso, os ataques, o racismo, a cobrança pela perfeição e até mesmo o arrependimento de algumas personalidades.
Em um país tão racista, será que vale a pena se mostrar tanto? Pode ser um tiro no pé, pessoas brancas não estão preparadas para lidar com o fato que os negros são seres humanos e que, quando erram, devem ser tratados com respeito.
Provavelmente tem quem vá discordar, que acredita na ocupação de lugares, mas nem tudo foi feito para se ocupar, algumas coisas podem ser construídas. Dito isso, é sempre bom conhecer um pouco dos participantes.
Camarote
Linn da Quebrada: É a segunda participante trans. A cantora e atriz tem 31 anos, fez parte do documentário “Bixa Travesty” e, na TV Globo, participou da série “Segunda Chamada”.
Douglas Silva: O ator de 33 anos ficou muito conhecido por seu papel como “Acerola” no filme Cidade de Deus, um clássico do cinema nacional.
Brunna Gonçalves: A bailarina tem 30 anos e também é esposa da cantora Ludmilla. Ambas já receberam ataques após assumir o relacionamento.
Paulo André: Com apenas 23, já tem uma carreira como atleta olímpico.
Maria: A atriz e cantora esteve recentemente na novela Amor de Mãe, interpretando a personagem Verena.
Pipocas
Jessilane Alves: A professora de 26 anos caiu nas graças do Twitter antes mesmo do programa começar.
Natália: A modelo descobriu o vitiligo ainda na infância e teve que aprender a viver com as diferenças.
Vyni: O influencer de baixa renda, como se autodenomina, já ganhou muitos fãs no Instagram, o que mostra a intensidade das pessoas, mas também precisa ter cautela.
Luciano Estevan: O ator e bailarino já está conhecido como sua forma de relacionar por meio do relacionamento aberto.
A intensidade antes da estreia
O programa vai ao ar hoje, dia 17, e mesmo assim mais da metade dos comentaristas do Twitter já tem uma opinião formada, isso é o mais preocupante. Os favoritos podem decepcionar porque é assim que funciona. Para esse BBB, espero uma leveza e que as pessoas saibam que podem não torcer para um participante preto sem ser racista.
