O SLAM SP aconteceu nos dias 15 e 19 de setembro online. Foi nessa competição que Brenalta garantiu sua vaga para o SLAM Brasil. O evento acontecerá de setembro e 3 de outubro.
A descoberta da poesia começou cedo em sua vida: aos 12 anos, já estava criando as primeiras rimas. “Logo depois já veio os saraus da vida, as batalhas e os SLAMS. Então meio que estava conectado… A poesia representa a possibilidade, é uma ferramenta de mudança e de transformação, ”afirma o rapper.
Brenalta entende sua classificação para o SLAM BR como uma conquista coletiva, fruto de um trabalho incansável. Afinal, em seu tempo de carreira, já contam com mais de 40 premiações.
“É um sonho muito antigo na verdade. Comecei lá em 2017, são cinco anos tentando o Estadual. Estou muito feliz porque é um sonho que não é só meu, é de muitas pessoas na minha quebrada, que acreditam no que faço. Também é da minha família, que sempre me apoiou. Sinto que devia isso a eles de certa forma e não pesa com um fardo, mas sim como uma responsabilidade de estar representando um estado enorme como São Paulo.”
Pegou as referências de “Trajada”?
A Potência do SLAM
O poetry slam ou então poesia falada é uma modalidade que vem conquistando seu espaço. Além das rimas, é preciso ter uma performance. Envolve a arte como um todo. Com emoção, os poetas vão dando vida as suas falas carregadas de experiências e a plateia segue no mesmo ritmo. Por mais que a pandemia tenha tirado esse calor humano que fomentava as batalhas, o slam segue resistindo. Com as competições online, conseguiu expandir e diminuir as fronteiras.
“Querendo ou não, isso é um jogo e eu gosto de jogar. Mas a gente sabe que a troca, o afeto e as informações, são muito mais valiosas. No fim quem vence somos nós artistas e as pessoas que estão ali nos ouvindo. O encontro é a verdadeira vitória,” relata Brenalta.
Atualmente, São Paulo se tornou o estado referência do Slam, porém, por ser uma forma de democratizar a poesia, a técnica segue se espalhando. Por muito tempo, as artes, como, por exemplo, a literatura, eram exclusividade dos ricos, da burguesia e dos brancos. Os chamados guetos ficavam de fora das manifestações artísticas e por isso criaram a própria expressão cultural.
O slam une literatura, história de vida e resistência e deve ocupar cada vez mais os espaços.
Brenalta MC e a arte Caiçara
Ser caiçara por definição é ser resistência. Em São Paulo, o litoral Sul é conhecido como a parte mais “urbana”, atrai turistas por estar mais próximo ao estado. Já o litoral Norte ganha o imaginário de alguns, mas de qualquer forma a arte caiçara fica de fora.
O dono de belas praias, a beleza natural chama a atenção da classe alta, por isso alguns esquecem de pensar na região como um todo e nos seus moradores. Em suas músicas, Brenalta relata um pouco dessa verdade esquecida sobre São Sebastião.
“Deixo isso bem nítido nas minhas letras e nas minhas poesias porque realmente as pessoas acham que aqui não tem arte, que não tem dor só por ser bonito. De fato, no quesito natural, a gente realmente vive no paraíso, porém no dia a dia não é bem assim. Todo lugar tem favela, tem pessoas que lutam pelos seus sonhos e aqui não é diferente. Tento desmistificar isso, mas é muito difícil fazer arte no lugar que não valoriza seus artistas.”
Nos últimos tempos, os investimentos para a cultura caíram, ainda mais com a pandemia que afetou todo o setor. O poder público, de forma geral, não investe e nem acredita na força da arte.
“A arte por si só já é resistência e nossos corpos ocuparem esses espaços são mais resistência ainda. A gente segue na luta levando arte e poesia para os quatro cantos. O litoral norte tem muitos artistas, mas infelizmente com pouca visibilidade. Por isso, a meta é crescer cada vez mais e levar a arte Caiçara para outro patamar. A gente quer ter um mínimo de conforto e dignidade e que os artistas do Brasil possam sangrar menos lá na frente.”
Brenalta MC
Para os artistas, se expressar é a única maneira de estar vivo. Cada verso conta uma história com a qual alguém se identifica. Em tempos tão solitários, manter a arte por perto pode ser uma boa companhia. Além disso, é uma inspiração para aqueles que criam e vivem da cultura.
“O que motiva escrevendo são as pessoas. Aquela sensação de se sentir útil para a sociedade, entender que não é uma brincadeira, estamos lidando com os sentimentos, estamos informando e levando o acesso para nossa quebrada, ” finaliza.
Acompanhe o artista pelo Instagram (@brenaltamc), Facebook e YouTube.
SLAM BR
O SLAM BR acontece de 30 de setembro a 3 de outubro. Na quinta-feira, das 17h às 22h. Já na sexta e sábado, o evento é das 18h às 22h. Domingo das 18h às 20. A transmissão será via zoom no canal do YouTube e pelo Facebook.