A entrevista de Shahidi para a revista Elle acontece no turbilhão de eventos decorrentes da morte de George Floyd nos Estados Unidos. Yara, apesar de ter apenas 20 anos, diz estar acostumada com discussões a respeito de raça e gênero há anos. Em parte porque discussões sempre fizeram parte de seus momentos familiares, pelos quais ela diz ser grata, e em parte porque, quando assumiu o papel de Zoey, na série Black-ish, aos 14 anos, passou a ser questionada sobre estes assuntos também.
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Sua ascenção também acontece em meio a dois movimentos importantes para discussões de raça e gênero nos Estados Unidos: Black Lives Matter, que se tornou bastante conhecido no Brasil e #MeToo, que denuncia abuso sexual por homens em cargos de poder ou de destaque. A respeito deste contexto, ela diz: “Sinto que há alguns anos se tornou popular chamar todo mundo de ativista”. E, talvez por conta de seus papeis de destaque na série Black-ish e no spin-off Grown-ish, esse rótulo também foi dado a ela.
Shahidi também alerta: “Quando olho pra este momento como um todo, há um tipo de espada de dois gumes ao querer que as pessoas se manifestem e depois [achar que] elas não estão se manifestando da forma correta. É uma coisa com a qual eu pessoalmente tenho um conflito. Acho que a maior parte do trabalho que eu espero fazer está em apontar as pessoas em direção aos organizadores e as pessoas nas linhas de frente deste movimento porque elas têm as vozes mais prescientes, reais e necessárias. A maior habilidade em ter uma plataforma, eu acho, é poder passar o microfone.” Porém ainda assim ela alerta para os perigos da era das redes sociais: se você não posta, é como se não tivesse acontecido. E, se posta, pode parecer superficial. É preciso encontrar um equilíbrio entre o que deve ser visibilizado e o que deve ser mantido em segredo.
A atriz fala sobre as dificuldades de estar no entretenimento durante este cenário, sem saber se seus colegas de trabalho vão entender e apoiar suas questões ou se vão entender as microagressões ou se entendem a forma como as pessoas negras são sempre enfraquecidas, de formas que podem ser ameaçadoras. E é por isso que Shahidi valoriza cada vez mais a alegria: “Tem que haver uma celebração das vidas negras. Uma luta por nossa vontade de triunfar ou uma luta por nossa vontade de ser feliz”.
Nesse sentido, Shahidi reforça a importância de apoiar pessoas negras em diferentes lugares e manter em mente quem estamos trazendo para esses espaços e para quem estamos abrindo as portas.
Via: Elle