Isabella Fiorentino é reconhecida no mundo da moda e muito acompanhada em suas redes sociais. No Instagram, a modelo e apresentadora publicou uma foto, bronzeada, com a legenda “preta, preta, pretinha”, possível referência à música dos Novos Baianos, sucesso em 1970. A postagem dividiu opiniões.
Muitas pessoas não entenderam porque internautas criticaram a publicação de Isabella, que se manifestou em resposta aos comentários negativos, de forma equivocada, mais uma vez: “Estou muito chocada com a agressividade de muitos negros por aqui no meu Instagram”. A declaração da modelo coloca como vilã uma parcela culturalmente marginalizada, enquanto não apenas pessoas negras criticaram sua legenda. Além disso, não é agressivo entendê-la como branca, quando ela é, de fato, branca.
Ser preto é um fator fenotípico, daqueles que não se altera com o sol forte do verão. Isabella Fiorentino podia se dizer vermelha, bronzeada, laranja, mas não estava preta, simplesmente por ser branca. Além disso, essa declaração se torna comum apenas depois de tomar sol: ninguém quer ser preto quando sabe que essa é a parcela mais desempregada, a maioria na prisão, a maioria dos assassinados, a minoria das universidades. Ser preto e se reconhecer preto é ainda um ato político em tempos como esse.
Sobre a perspectiva de tantas violências, homens e mulheres pretas demoram anos, muitas vezes, para assim se identificarem. Enquanto isso, pessoas brancas querem se dizer pretas não o sendo. Nunca uma frase descreveu tão bem essa situação: “tá na moda ser preto, desde que você não seja preto”. O nome disso? Afro-conveniência.