Conhecida na dramaturgia brasileira, Zezé Motta contou sobre como foi o início da sua carreira, em 1970, e como fez para passar pelos estereótipos das personagens que ela era convidada a interpretar.
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“Uma das piores coisas é que eram personagens sem pai, sem mãe, sem marido, sem filho, em que a casa era a da patroa, não tinham sequer roupa de passeio. Eu não queria ser só isso”, contou Zezé ao ser entrevistada pelo portal Alma Preta.
Zezé contou que os personagens tinham sempre as mesmas funções e eram sempre parecidos, e que isso a desvalorizava como atriz.
“No começo, me chamavam sempre para os mesmos papéis. Era abre a porta, fecha a porta, serve o café. Nada contra quem faz isso. Mas eu havia ganhado uma bolsa de estudos em um dos melhores cursos da época e eu ficava pensando que eu poderia explorar melhor isso”, contou Zezé.
Zezé Motta fez parte de movimentos que tinham como objetivo inserir negros no meio artístico e expandir oportunidades e possibilidades para os mesmos. O principal foi a criação do Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro, em 1987.
“A gente sempre via surgindo artistas brancos, mas os negros eram quase sempre os mesmos. Então, disponibilizávamos o catálogo com quase 500 nomes”, contou Zezé. Atualmente, este projeto está paralisado por falta de patrocínio.
“Eu gosto muito da palavra perseverança, porque no fim, é isso que faz com que não desistamos dos nossos sonhos”, contou a atriz.
Para finalizar, Zezé também falou sobre o espaço que vem sendo conquistado pelos negros na teledramaturgia brasileira e o quão importante isso é. “É tão importante falarmos de racismo, desigualdade, que um dia é pouco, precisamos de mais tempo. Isso é uma conquista maravilhosa”, ela finalizou.