Não vai ser um ano fácil. Mas resistimos até aqui e continuaremos resistindo. É por isso que temos desejos importantes para 2019 – e não tão difíceis de serem realizados.
– Nada de “nego faz isso, nego faz aquilo”: ninguém usa essa expressão como elogio; muito pelo contrário, a manifestação representa sempre uma crítica a um grupo de pessoas que faz alguma coisa errada.
– Chega de “racismo reverso”: e chega não porque ele vai acabar, mas porque ele nunca existiu; o racismo só existe quando há relação de poder de uma raça sobre outra e no Brasil negros não são superiores a brancos em direitos, ou em qualquer outra situação.
– Não chame mulheres negras de tom claro de “mulatas”: o termo indica um ser híbrido, contextualizando, resultado de um relacionamento entre dois que geralmente não se cruzam; além disso, a miscigenação em solo brasileiro se deu inicialmente de forma muito violenta.
– Pare de sexualizar mulheres negras (e homens negros): não dá mais pra viver com o imaginário social de que nossos corpos são melhores na cama; isso porque a prática de sexualização impõe estereótipos sobre os corpos negros os tornando objetos nos relacionamentos casuais e excluindo-os em relacionamentos sérios, colaborando ainda para a solidão – principalmente da mulher preta.
– Jamais diga que não tem negro no mercado de trabalho: se você é recrutador, por favor, não utilize esse discurso falso para justificar a ausência de profissionais negros na empresa que você representa; não apenas há negros no mercado, como há grupos de especialistas negros em diferentes áreas, além de instituições prontas a ajudar no recrutamento dessa parcela.
Não tem mais desculpa! No Brasil, o racismo está tão impregnado e naturalizado nos discursos, que talvez começar por eles nos dê uma chance de um ano melhor e mais justo.
