Por Zeba Blay do The Huffington Post
Nos últimos dois anos o jornalista brasileiro Weudson Ribeiro vem documentando a beleza das afro-brasileiras, fazendo retratos espontâneas delas dentro de um projeto que ainda está em curso. O resultado foi divulgado este mês no ensaio fotográfico Superafro: O poder da mulher negra.
O projeto, feito de retratos de negras brasileiras, destaca mulheres que afirmam sua negritude com orgulho, como declaração de postura política. “O objetivo era documentar beleza e diversidade de mulheres que carregam negritude como ato de resistência”, explica Ribeiro.
Jornalista e cientista político de 24 anos radicado em Brasília, Ribeiro faz fotos há quase uma década. Filho único de pais mestiços, ele diz que durante muito tempo teve dificuldade em entender e aceitar sua própria negritude.“Esse é um problema que afeta a imensa maioria dos brasileiros, graças a nossas origens étnicas altamente miscigenadas”, ele disse ao Huffington Post.
Para combater o problema, ele saiu para as ruas de Brasília dois anos atrás. Disse que puxava papo com afro-brasileiras e pedia para fotografá-las. “Eu abordava qualquer pessoa que me parecesse amigável. Quando ela se interessa, eu lhe envio cópias do material. Se não, sigo adiante. As fotos do blog são na maioria de pessoas que eu tinha acabado de conhecer.”
A série faz parte de uma nova onda de orgulho afro-brasileiro, à medida que mais e mais pessoas negras no país começam a abraçar suas origens africanas, enfrentando a opressão, o racismo e a ausência de voz. O Dia Nacional da Consciência Negra vem ganhando destaque maior nos últimos dez anos, enquanto feministas negras se mobilizam e geram diálogos no país sobre a pigmentocracia e o cabelo natural.
“Os negros aqui encaram os mesmos problemas enfrentados nos EUA: brutalidade policial, pigmentocracia, índices mais altos de pobreza, marginalização social e escárnio”, diz Ribeiro.
“Mas as mulheres afro-brasileiras vêm ganhando voz política. As mídias sociais ajudam a dar às minorias uma plataforma para denunciar o preconceito e para articular e reforçar a resistência.”
Além do projeto Superafro, Ribeiro, que se identifica como queer, também documenta a vida da comunidade LGBT no Brasil. “Há uma gama grande de diversidade dentro do espectro LGBT, e quero explorar isso… o vínculo criado entre as comunidades negra e LGBT na luta pela liberdade e igualdade.”
Descubra mais sobre a série Superafro: o poder da mulher negra no site de Weudson Ribeiro.
Veja abaixo mais fotos do projeto.