No dia 14 de março, Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, foram executados na Região Central do Rio de Janeiro. Desde então, a vereadora que lutava pelos direitos das mulheres, dos negros e da comunidade LGBTQI+ recebeu diversas homenagens: grafites, músicas e lanches fazem parte da referência a quem militava pela vida.
Exatamente, lanches. Pelo menos, foi assim que a Vegans2Go, em Belo Horizonte, imaginou estar homenageando Marielle – colocando o nome dela no lanche que leva hambúrguer de feijoada sem glúten, cogumelos salteados, linguiça vegetal, crispy de couve, vinagrete e maionese de pimenta biquinho e custa R$ 31,90.
O estabelecimento, que existe desde outubro de 2017, seus pratos são 100% cruelty free, o que significa que nenhuma pessoa ou animal foi explorado. Apesar disso, utilizam o nome de uma mulher negra executada para lucrar, numa receita que leva uma feijoada, comida tipicamente associada à negritude conforme estereótipos.
Até que ponto colocar o nome de uma ativista negra que foi brutalmente executada pode ser uma homenagem? Principalmente quando a referência acaba no nome: nenhuma porcentagem do lucro, por exemplo, é direcionada à família de Marielle ou causas que ela apoia.
Tão importante quanto não matar animais é se importar com o genocídio da população negra e ser sensível sobre qualquer representação disso. Mais uma vez, os corpos negros são explorados mesmo após o extermínio, em nome e benefício do capitalismo.
De acordo com o restaurante, essa foi uma tentativa de homenagear a militante, com aprovação inclusive de Carol Stambowski, amiga de Marielle. A Vegans2Go declarou ainda que o cardápio faz uma homenagem às mulheres ativistas brasileiras.
Dentre as homenageadas estão Bela Gil, Yasmin Brunet, Carmen Miranda, dentre outras, nenhuma delas executada com quatro tiros na cabeça na calada da noite.
