https://twitter.com/funkycarbon/status/852707480878555136?ref_src=twsrc%5Etfw&ref_url=http%3A%2F%2Fextra.globo.com%2Fnoticias%2Fmundo%2Floja-proibe-entrada-de-jovens-negros-porque-sempre-roubam-na-australia-21216944.html
Nos últimos dias, internautas denunciaram a prática excludente que proíbe a entrada de negros em determinada faixa etária num estabelecimento localizado na Austrália. Na loja de conveniência, na cidade de Melbourne, foi fotografado um cartaz com um comunicado bastante racista: “Porque negros entre 14 e 18 anos sempre roubam. Proibidos negros entre 14 e 18 anos e cachorros dentro da loja”. Exposto nas redes sociais, por crime de racismo e por crime de ódio o caso passou a ser investigado pela polícia estadual de Victoria. Em resposta às repercussões do ocorrido, de acordo com o site News, o dono do espaço justificou a frase com as imagens de segurança, onde seria possível ver oito jovens negros roubando o comércio.
Apesar do caráter de denúncia como intenção do fotógrafo – que, em seu twitter, publicou que “A loja está pedindo para ter problemas com essa placa!” -, a repercussão da notícia no Brasil toma os rumos indesejáveis de uma sociedade embasada no racismo institucional que, discretamente, fere a população negra, quase sem que percebam. Num país multirracial, que tantos estudiosos julgaram como consequência a formação social pautada no respeito às diferenças, há quem expresse seus discursos preconceituosos sob as máscaras da opinião.
Nas plataformas que noticiaram o comunicado racista na loja de Melbourne, surgiram novos avisos racistas nos comentários sobre o caso. No meio das discussões, nem mesmo as cotas que inserem negros nas universidades e a presença de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal escaparam do embate. No entanto, de tudo isso, o que mais assusta é a quantidade de pessoas que concordam com os discursos e que evidenciam empatia sobre o posicionamento excludente, com uma série de likes.
Na Austrália, a maior parte da população é branca e talvez, por isso, há quem não entenda seus privilégios. No entanto, é difícil entender a repercussão do caso no Brasil, onde 54% da população é negra. Segregação é uma prática excludente, independente das formas que toma e do país onde é exercida. O histórico do problema abordado por um dos usuários não pode ser generalizado: há branco que roube lojas e há negro que roube lojas.
Mas há também uma preocupação com os contextos sociais a que as pessoas estão inseridas, incluindo a influência de sua cor em suas condições sociais, tendo em vista a maior parte das pessoas periféricas ou a menor parte das pessoas na universidade. Vale lembrar que racismo permanece sendo racismo, escrito num cartaz ou proferido oralmente, na loja de conveniências ou na escola, contra quem ocupa o Supremo Tribunal Federal ou contra quem pretende frequentar o comércio de Melbourne.