Quanto você ganha? Geralmente, essa é considerada uma pergunta indiscreta. No entanto, a resposta dela diz muito sobre o país que tantos apontam como democrático racialmente.
De acordo com um estudo publicado pela consultoria IDados com base em dados do IBGE do último semestre de 2019, quase 40% dos negros no Brasil recebem um salário mínimo ou menos.
Desde as deficiências no sistema de ensino em que negros estão inseridos até a desvalorização de profissionais negros já graduados, o racismo se manifesta de diferentes maneiras para que o mercado de trabalho permaneça majoritariamente branco.
As oportunidades têm a ver, sobretudo, com a cor da pele. A prova disso são as diferentes oportunidades geradas para pessoas com um mesmo grau de formação, uma branca e outra negra.
Você já ouviu que seu perfil não se adequava à vaga mesmo que cumprisse todos os requisitos para o posto? Quantas vezes você recebeu um olhar diferente do recrutador? Já te perguntaram se você prenderia o cabelo?
Pois é. Tudo isso é parte do processo que culmina nesse número absurdo que diz muito sobre nosso país.
Outro dado alastrante é que 32% dos empreendedores negros já tiveram sua análise de crédito negada sem motivo aparente, segundo o Estudo do Empreendedorismo Negro no Brasil, levantamento realizado pela PretaHub em parceria com Plano CDE e JP Morgan.
Os dados evidenciam, mais uma vez, que no Brasil, a negritude tem sua possibilidade de ascensão social vetada por iniciativas racistas em todos os processos de desenvolvimento financeiro, do empregado ao empreendedor.