A colonização criou um modelo único de visão de mundo que ignora a diversidade cultural, principalmente do povo negro, nesse contexto o afrocentrismo é uma saída para um novo tipo de educação.
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Uma ideologia que se dedica ao estudo da história e cultura africana: essa é a definição mais simplória sobre o afrocentrismo, porém o termo tem um significado muito maior. Os países colonizados sofreram uma serie de invalidações e o povo negro foi sequestrado e escravizado. Sendo assim, os negros não africanos foram criados para conhecer um lado da história, sem o contato com a terra Mãe, o continente africano. Pensando em ensinar sobre aquilo que foi roubado, o afrocentrismo é uma forma de educação.
O termo começou a ser disseminado por Molefi Asante, professor e pesquisador africano nascido nos Estados Unidos, que conseguiu sistematizar e aprofundar as críticas e teorias de vários autores e pensadores negros. “A Afrocentricidade é um tipo de pensamento, prática e perspectiva que percebe os africanos como sujeitos e agentes de fenômeno atuando sobre a sua própria imagem cultural e de acordo com seus próprios interesses humanos.” (ASANTE, 2009, p. 93).
Pensando em criar um ambiente de diversidade e resgate cultural, Alda Helena Machado, atriz, administradora e pedagoga, Ana Luisa Vieira, educadora popular licenciada em letras, Priscila Viana, pedagoga e dirigente, Vanessa Silva, gestora ambiental e pedagoga, estão desenvolvendo o projeto da MAAT Escola, que busca trazer para o ambiente educacional uma afropespectiva. “Toda instituição escolar deve ser construída coletivamente, e assim vem se constituindo a MAAT Escola desde a sua fase embrionária, sustentada por uma grupa dirigente matrigeradora e matrigestora, eu costumo dizer, que estuda, troca ideias e busca alternativas para efetivação dessa escola. No momento, estamos desenvolvendo a apresentação e buscando maneiras para que ela chegue em pessoas que possam nos ajudar a buscar investidores seguros. Almejamos chegar em pessoas que tenham posições de ações políticas coletivas para a população negra”, afirma Alda, uma das idealizadoras.
A ideia surgiu de uma conversa entre das duas mães que perceberam como a instituição educacional não abordava a realidade de uma cultura – ambas têm filhos matriculados na Ayodele, uma escola para formação em danças para pessoas negras e não negras de baixa renda. “A Priscila Dias Carlos, outra mãe no novo quilombo Ayodele, me convenceu que deveríamos abrir uma escola para os nossos e nossas, com o argumento de que outros povos/culturas também tem as suas escolas, judaica, japonesa, koreana…” Relata a administradora. Até o momento, as reuniões estão sendo feitas de forma online e elas já criam uma pesquisa de mercado online para saber a opinião das pessoas. O formulário pode ser encontrado no link https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScg-ckqVD8x0DbnT6a-9ouXTrLhPX7UxyUZ0xETl8KlSWbwIw/viewform
Para as idealizadoras, o projeto é um começo para uma nova sociedade, uma forma de criar um espaço livre de preconceito e ampliar os conhecimentos. “Primeiramente, para nós se trata de respeitar a sociedade afro-brasiliana, de respeito ao povo preto e indígena, assim como se trata de ressignificação, reparação, valorização, justiça, além de uma maneira para superação do racismo estrutural. Como é possível chegarmos à maturidade de maneira integral e sermos sujeitos autônomos e capazes, sendo que ouvimos narrativas que degradam a nossa essência e existência?”, finaliza Alda.