Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos revela quais os pensamentos automáticos que os brancos europeus têm em relação aos negros. A partir deste resultado, foi criado um mapa para ilustrar a diferença entre os países. A pesquisa é uma iniciativa da Universidade de Harvard e fica disponível no site para pessoas de todo o mundo terem a oportunidade de responderem.
Com o nome de Projeto Implícito, este estudo analisa a velocidade da resposta através de um Teste de Associação Implícita (IAT). Este teste mede a facilidade que a pessoa tem em relacionar itens de categorias diferentes. No caso do aspecto escolhido para a análise da pesquisa foi verificar com qual velocidade os brancos europeus associam aspectos bons e aspectos ruins a pessoas negras. O site Carta Capital traz um mapa com os resultados relacionados ao período de 2002 a 2015:
Quanto mais vermelho e maior a pontuação, mais rápido as pessoas daqueles países são em associar negros a adjetivos ruins e mais lentas são ao associá-los a adjetivos bons. A pontuação abaixo de zero significaria que os países associam negros a adjetivos bons, o que não aconteceu. Já, se algum tivesse ficado perto de zero indicaria que não se pensa nem bem, nem mal sobre os negros – o que também não aconteceu. O Teste de Associação Implícita mostra o que você pensa intimamente, sem que dê tempo de passar pelos filtros sociais, que construímos ao longo do tempo baseado no que é aceitável socialmente. Logo, o discurso “Não sou racista, até tenho amigos negros”, não ajuda a manipular o resultado do teste.
Há algumas questões importantes a serem colocadas ao analisarmos os resultados de uma pesquisa científica. Esta pesquisa está disponível apenas no site da Universidade e quem tem acesso a este tipo de informação são pessoas que têm o hábito de navegar pela internet e, mais especificamente, que têm contato com o mundo acadêmico. As perguntas do questionário estão totalmente em inglês, por isso, as pessoas provavelmente entendem o idioma ou utilizaram recursos de tradução online, o que muitas vezes não é totalmente fiel ao sentido das palavras. Por isso, devemos entender que este não é um retrato da população completa de cada um destes países, mas de uma parte dela. Ainda assim, é interessante verificarmos que até mesmo uma pesquisa científica pode afirmar muito do que vemos e vivemos nos países europeus. E aqui mesmo, no nosso site, já publicamos diversas notícias de racismo no continente.
É importante lembrar que, apesar dos comportamentos não serem totalmente explicados pela associação implícita, esta pode influenciar na tomada de uma decisão ou impulsionar o comportamento discriminatório e racista. Este resultado pode nos ajudar a comprovar a base de desde os atos de racismo, até o andamento de políticas públicas para pessoas negras. Afinal, o Direito e todo tipo de poder são construídos por pessoas, e pessoas que possuem crenças sobre outras.
Caso queira conhecer a pesquisa, acesso o site: https://implicit.harvard.edu/implicit/.