Desejando espalhar mais do que o ajudou a enfrentar o caos que foi (e está sendo) a pandemia, Paulo Sabino organizou a antologia “Poesia para pandemia”, com 142 poemas e textos poéticos de 142 autores, uma arte que tantas vezes parece estar tão distante de tantas pessoas pretas.
Não tem jeito. Não dá pra tocar nesse assunto e não falar sobre Sergio Vaz. Sobre sua conversa com homens aprisionados, questionando se eles gostavam de poesia e ouvindo “não” como resposta e vendo estes mesmos homens mudando de ideia quando se dão conta de que Racionais MC’s, que o poeta estava declamando, era também poesia. Que há espaço para nós, para o que nós sentimos e para as nossas histórias e fantasias na poesia.
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Poesia para pandemia
Ao reunir uma gama de vozes, estilos, assuntos e gerações de escritores, a obra pretende ser eclética, diversa, variada. Os textos estão ordenados por temas e formam um diálogo entre eles, que tem a função de servir para indagações, inquietações e aquietações.
Os temas giram em torno do futuro gestado pela humanidade, com a destruição desenfreada do meio ambiente; do amor; além de preconceitos sociais; o abismo econômico que empurra pessoas, mais uma vez, segundo o autor, para abaixo da linha da miséria; a pandemia em si; as guerras e as migrações forçadas pelas guerras, a música, como elemento complementar, constituinte e ao mesmo tempo independente da poesia. “A obra é ainda um fio de esperança, por tudo o que a humanidade fez de belo – e continua fazendo”, explica.
Dos 142 poemas e textos poéticos, de autores renomados e admirados pelo público, dezesseis são inéditos e assinados por Alberto Pucheu, Ramon Nunes Mello, Alexandra Maia, Hélio de Assis, Juliana Linhares, Luiz Felipe Leprevost, Edimilson de Almeida Pereira, Carlos Rennó, Inês Campos, Péricles Cavalcanti, Nicolas Behr, Flávia Savary, Luana Carvalho, Lau Siqueira, Claudia Roquette-Pinto e Elisa Lucinda.
Segundo Paulo Sabino, Poesia para pandemia foi um mergulho e tanto na biblioteca que mantém, revisitando livros que não folheava há muito tempo. Mas, acima de tudo, ele conta que essas poesias o salvaram, ajudaram a suportar o medo do “inimigo” à solta no ar, invisível, imperceptível, desconhecido, mortífero. E este não é o primeiro trabalho de Sabino.
Paulo Sabino
Paulo Sabino conta que, através das prateleiras e estantes das pessoas, quer ganhar o Brasil. Quer estar nas bibliotecas públicas e particulares, com o recorte sobre o mundo e o período que vivemos a partir dos autores que compõem a antologia
Sabino nasceu no Rio de Janeiro, onde mora. Idealizador e produtor dos projetos Ocupação Poética, no teatro Cândido Mendes de Ipanema, e A Estante do Poeta, no Espaço Afluentes. Desse projeto, organizou a antologia A estante dos poetas (Ibis Libris, 2020). É coordenador e curador do selo de poesia Bem-Te-Li, por onde lançou seu livro, Um para dentro todo exterior (Autografia), em 2018, e outros sete autores.