Não só Italianos. Alemães, Poloneses, Suíços e outros europeus vinham nesse mesmo Rolê! por AD JUNIOR
Eles adoram falar de meritocracia. Chamam o povo negro de vabagundo. “Vai trabalhar, Vai estudar…” Mas seus bisavós vieram pobres e humildes, e viveram condições absurdas. Por outro lado viveram livres e tiveram todo o incentivo do governo para progredir. Tá duvidando? Os descendentes de europeus brasileiros, criaram para si uma epopéia como em Os Lusíadas de Camões, mas está na hora de começar a questionar essa história a limpo.
1 – Por que vinham?
“Os primeiros imigrantes italianos chegaram ao Brasil em 1870, devido ao grande estímulo do governo, principalmente depois de 1850, quando o tráfico de escravos foi abolido no Brasil e os europeus substituíram a mão-de-obra escrava.”
Pera aí. Deve ser por que os escravos perderam as mãos depois do dia 13 de Maio ou foram as políticas eugênicas?
O Brasil começa a amadurecer as políticas de clareamento da raça, seguindo os passos de vários países da época. Foi em 1911 que o Brasil apresentou na Europa o seu plano: exterminar a herança negra através da miscigenação, que o país acreditava ser benéfica a sociedade.
O governo começa atrair mais imigrantes europeus para que viessem para o Brasil. E pagou tudinho do próprio bolso.
A constituição de 1934 garante o branqueamento raça como política do estado.
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2 – Como chegavam no Brasil?
As suas passagens eram pagas com subsídios do Estado.
“A norma estabelecida pelo Governo do Estado de São Paulo concedia passagens gratuitas apenas às famílias que viessem de terceira classe. Sem recursos para custear a própria passagem, a maioria dos imigrantes tinha a sua passagem paga pelo Estado.”
Nenhum imigrante desejável, ou seja branco, que se encaixavam no modelo do novo Brasil precisava pagar por suas passagens.
Para a legislação brasileira, o que caracterizava um passageiro como imigrante era a sua vinda com passagens de 2ª ou 3ª classe pagas pelo governo (RMIVOP,1908, Bases Regulamentares do Serviço de Povoamento, art. 42:114).
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3 – Onde estudaram I?
Primeiros cotistas estudaram nas escolas públicas e religiosas – muitas das quais se tornaram particulares quando deixaram de servir o seu propósito: educar os brancos que iriam clarear o país no lugar de negros não civilizados livres depois da escravidão.
No contexto brasileiro, a eugenia forneceu um impulso, uma lógica e um gama de práticas que deram forma a renovação e expansão da escola pública no Brasil. Poderíamos dizer que o projeto da escola pública universal no Brasil é inseparável da história da eugenia.
A ligação entre eugenia e escola teve efeitos contraditórios: por um lado, concentrou esforços, recursos e técnicas para ampliar a educação pública num molde que alcançava famílias (imigrantes) que até então eram excluídas; mas por outro lado, os conceitos eugênicos que nortearam essa escola e ordenavam os alunos e professores dentro deles tendiam a definir pessoas que eram negras, ou vinham de meios pobres, como deficientes. Em lugar da exclusão, resultou numa moderna inclusão marginalizadora.
Diploma de Brancura.
Eugenia, Educacão e as políticas públicas no Brasil.
4 – Onde Moravam?
Como eles compravam terras uma vez que não tinham dinheiro nem para comprar as passagens?
“… Os lotes de terras eram distribuídos pelo governo brasileiro. Os primeiros imigrantes se instalaram onde hoje é o distrito de Nova Milano, em Farroupilha.”
No livro sobre a imigração alemão no Rio Grande do Sul lemos:
“Lei n. 229 de 4 deste mês, serão distribuidas a cada coloca casado, bem como a casa colono solteiro que se casar após a chegada a esta província e, finalmente, a cada viúva com família, 100 000 braças quadradas de terra na colônia Santa Cruz (…) As terras foram previamente medidas, avalidadas e mapeadas às custas do governo. (…) A todos os que receberam terras (e aos jovens acima dos 16 anos) serão distribuídos, como presente do governo, ferramentas e instrumentos até o valor de 32 mil-réis e 800 réis” – Imigração alemã para o Sul autor Ferdinand Schöeder.
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https://glo.bo/2JAQEJK
http://bit.ly/2JBTpdS
5 – Onde Estudaram II? Acesso à Universidade.
Lembra que eles ganharam terras? Pois em 1968 o ditador Costa e Silva vendo a demanda de um grupo que agora já iria para as universidades decidiu que uma porcentagem das vagas em cursos em universidade públicas iria ser destinado a quem tinha terras.
“Os filhos de fazendeiros tiveram direito a cotas nas universidades até 1985 com a ‘Lei do Boi’”, argumenta. Na verdade, a lei, de 1968, reservava vagas para filhos de agricultores apenas em cursos de Agronomia ou Veterinária, independentemente de os pais serem ou não donos de terras. (Mas não era assim que funcionava)
Está duvidando?
Lei do Boi – Resumo: http://bit.ly/2xMdOIF
Decreto da Câmara dos Deputados: http://bit.ly/2LrWmLq
EM RESUMO: Está criada a classe média brasileira e é por isso que adora um concurso público, que foram criadas por elas e para elas. A classe média brasileira é basicamente filha das ações afirmativas para brancos, que tem a fachada de ser meritocrática. Ela sempre depende daquele empurrãozinho do governo – pergunte pras filhas de servidores “não casadas “e afins… só como exemplo. Lembra delas? http://bit.ly/2sEFhXJ. Ela só chegou ali empurrada por gerações de benefícios que eles juram que nunca tiveram. Eles sempre dizem que eram pobres, mas mesmo sendo pobres estavam com acesso a passagens, educação e terras. Foi assim que tudo começou para a grande maioria deles.
Entendeu como os bisavós da atual classe média chegou no Brasil? Entendeu por que é importante fazer os estudos críticos a branquitude? Entender a história deles é muito importante para combater o racismo.
QUER SABER MUITO MAIS?
O que é Branquitude?
https://www.youtube.com/
Entendendo o Racismo Estrutural e a Eugenia no Brasil
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Vitimismo Branco
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