Na semana passada, emergiu nas redes sociais a polêmica sobre um clipe supostamente racista, lançado por Mallu Magalhães. Na produção, a cantora se apresentava à frente de um grupo de dançarinos negros e com o corpo banhado à óleo, o que abriu diferentes discussões, principalmente dentre comunidades de fãs e representantes do movimento negro.
Após o ocorrido, a cantora, com muita sensibilidade, se desculpou em suas redes sociais, declarando “Fico muito triste em saber que o clipe da música “Você não presta” possa ter ofendido alguém. É muito decepcionante para mim que isso tenha acontecido. Gostaria de pedir desculpas a essas pessoas. Meu trabalho e minha mensagem têm sempre finalidade e ideais construtivos, nunca, de maneira nenhuma, destrutivos ou agressivos”.
Em recente entrevista ao G1, no entanto, o rapper Emicida reforçou que os corpos pretos devem ser livres: “As pessoas precisam permitir que os corpos pretos sejam livres. Se a gente tivesse um corpo de baile branco ali, e os bailarinos pretos desempregados, iríamos levantar esse questionamento?”. A indagação do artista vem como fomento à reflexão, além da discussão estabelecida nas redes, sobre situações mais graves a que a população negra tem sido submetida dia após dia.
Emicida declarou ainda que há uma crescente mania de salvar quem não está pedindo socorro, a respeito dos bailarinos que trabalharam no clipe, lembrando a importância de não falar pelos outros. Os movimentos sociais se articulam, em geral, com base numa realidade comum, mas em situações específicas como essa não se pode dizer, por exemplo, que os dançarinos foram usados, considerando inclusive sua liberdade artística.
Por fim, o rapper reafirmou a necessidade de pensar em outras problemáticas recorrentes em nossa sociedade: “A gente tem problemas mais sérios do que esse”. Finalizou ainda, reforçando que apesar das poucas impressões expostas sobre a polêmica, essa é uma discussão que não lhe cabe. “[…] eu não tenho vontade nenhuma de participar da discussão”, disse.