Poeta, instrumentista, compositor, pesquisador e homenageado pelo Movimento Negro Unificado (MNU) devido à trajetória de luta contra o racismo, Benedito Luiz Amauro, o Mestre Lumumba, estará em Ilha Comprida (litoral sul de SP) nos próximos dias 21 e 22 de maio para oferecer dois dias de oficina em “Cantos étnicos + Construção e toques de tambores afro-ameríndios”.
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A iniciativa é gratuita e faz parte das comemorações pelo aniversário de 16 anos da organização social Ponto de Cultura Povos da Mata Atlântica, que atua no fomento à memória de comunidades tradicionais, à inovação cidadã e à sustentabilidade na região do Vale do Ribeira.
Mestre Lumumba uniu sua trajetória ao ofício de fazedor de tambores e realiza oficinas para difundir, por meio de um processo educativo, os saberes envolvidos na construção e toque de instrumentos percussivos e da vivência dos ritmos e cantos conectados ao universo da cultura afro-ameríndia. A oficina “Cantos étnicos + Construção e toques de tambores afro-ameríndios” acontece no sábado (21), das 15h às 18h, e no domingo (22), das 9h às 18h, na pousada Namastê Portal Eco Cultural Lagamar, em Boqueirão Sul – Ilha Comprida.
Pessoas interessadas em participar da oficina podem fazer inscrição gratuita pelo e-mail [email protected]. É preciso informar nome completo, telefone, cidade, se pertence a comunidades indígenas ou tradicionais e se atua com projetos relacionados a conhecimentos afro-ameríndios. As vagas são limitadas.
A programação de aniversário do Ponto de Cultura Povos da Mata Atlântica também inclui música ao vivo com os DJ Rica e Evelyn Cristina, fandango caiçara com o Grupo Esperança e apresentação do coral indígena M’Borai Nhembojera, da etnia Guarani M’Bya, todos eles na pousada Namastê.
O Ponto de Cultura Povos da Mata Atlântica possui programas de fortalecimento do turismo sustentável, difusão de memória e saberes tradicionais e laboratório de inovação cidadã. Ao desenvolver e apoiar projetos em Cananeia, o Ponto de Cultura colaborou para uma mudança de patamar da cidade, que passou a ser uma referência cultural no Brasil e em outros países. “Já participamos de eventos internacionais, recebendo pessoas em Cananeia e enviando pessoas para outros países. Um deles foi o Mestre Zé Pereira, um dos mestres do fandango caiçara, que participou de um evento ibero-americano em Cuba. Já viajamos pelo Brasil para participar de eventos na área cultural e colaboramos para o fortalecimento de festas comunitárias. Cananeia passou a ser reconhecida como um pólo cultural”, relata o educador e fundador da organização, Fernando Oliveira.
Liderança quilombola, Nei Mandira participa há alguns anos da iniciativa. “O ponto de Cultura sempre insere a comunidade nos eventos organizados, a intervenção na comunidade do Mandira é relacionada à participação em eventos, à realização de oficinas e parcerias na divulgação cultural”, afirma. Para ele, a organização é um símbolo de resistência cultural: “Hoje, o país está em uma situação em que as comunidades tradicionais ou pequenos grupos que manifestam algum tipo de cultura dos nossos antepassados possuem muita dificuldade para mantê-la e perder isso é muito rápido. Acho que é necessário ter uma organização que brigue por isso e busque meios de manter a cultura viva”.