Joi McMillon nunca pensou ser indicada ao Oscar. Não por ser negra ou por ser mulher. Mas por não pensar em ser nada além de jornalista. Era essa a área pela qual era apaixonada. Até ser convidada a ‘um dia de editora’, quando conheceu o responsável pela edição de Animal Planet. Foi a primeira vez que a primeira mulher negra editora a receber indicação ao Oscar ficou exposta ao que o ramo faz. Encantada, chegou em casa e começou a buscar escolas de cinema porque tinha mudado de ideia sobre a profissão do coração.
McMillon mal aprendeu a usar o software de edição: muito rapidamente entrou na escola de cinema da Universidade Estadual da Flórida. Embora grande, o aprendizado durante o curso não deixou indícios de como seria trabalhar, de fato, na indústria cinematográfica. “Quando me mudei para Los Angeles e cheguei a uma sala de edição, percebi que era uma em um espaço com cinco ou seis homens brancos”, declarou a indicada ao prêmio mais cobiçado do cinema ao Los Angeles Times. Foram dois desafios enfrentados: de gênero e de raça.
Joi, no entanto, já estava acostumada a ser a única nos espaços. A editora cresceu num bairro predominantemente branco. Foi ainda a única negra da turma do ensino médio, o que não é incomum a quem não vem de espaços majoritariamente negros ou de classe média-baixa. Por isso, acostumou a ocupar os espaços.
De tão acostumada, resolveu ocupar a lista de indicados ao Oscar por melhor edição, pelo filme “Moonlight: Sob a Luz do Luar” lançado no Brasil no último dia 23. Negros, da frente ou de trás das câmeras, têm seus nomes estampados na indicação da maior premiação cinematográfica. Hollywood foi tomada por uma onda de representatividade que promete render bons frutos. Obrigada Joi McMillon.
https://www.youtube.com/watch?v=vtyiXLCq1JY