A produção de conhecimento vindo das periferias e a respeito delas conduz a programação que o Itaú Cultural recebe no dia 19 de maio (quinta-feira), às 19h. Com uma conversa mediada pelo antropólogo Rodolfo Teixeira Alves com autores dos livros, o encontro marca o lançamento de cinco novos títulos no catálogo da Editora Periferias. Para participar, os interessados devem reservar seus ingressos pela plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural. A venda de livros na noite de lançamento começa a partir das 18h.
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Fundada em 2019, a Editora Periferias hoje soma 15 títulos no catálogo, entre ficção, não-ficção, poesia, estudos sociais urbanos, pesquisas no campo da educação pública e biografias, entre outros. Como editora da UNIperiferias – universidade da sociedade civil idealizada pelo Instituto Maria e João Aleixo (IMJA), com sede na Maré, no Rio – volta-se para a formação de especialistas em periferias, produção de conhecimentos e ações que visibilizam e fortalecem a potência das periferias. Os seus livros abordam temas dentro do espectro social que chamam de Periferias Globais, como questões de raça, gênero e LGBT+, etnia, territorialidade, educação e segurança pública, lógica de enfrentamento da guerra às drogas, encarceramento em massa e migração.
O lançamento das novas obras no Itaú Cultural tem início às 19h, com fala de Jailson de Souza e Silva, fundador do Observatório de Favelas, o geógrafo Aiala Colares Couto e o professor Rodrigo Santos, autores de algumas das obras lançadas nesta noite. Eles conversam com Rodolfo Teixeira Alves, antropólogo e coordenador de marketing da Editora Periferias, e com a professora e assistente social Macaé Evaristo, sobre as publicações e as discussões trazidas por elas.
O livro Seja Democracia, organizado pelo geógrafo Cleber Ribeiro, é conduzido pelo conceito de que a periferia tem projetos de radicalização da democracia. A partir deste ponto, a obra, que conta com a participação de Flavia Pinto, Heloisa Melino, Joaquim Azevedo, Thula Pires, Tufuku Zuberi, Valter Silverio e Wesley Teixeira, volta-se à formação política para defesa da democracia no Brasil, a partir da compreensão da realidade do país. Para os autores, a democracia implica, antes de tudo, em identificar os projetos de sociedade produzidos pela periferia.
A Favela Reinventa a Cidade, de Jailson de Souza e Silva, Jorge Barbosa e Mário Simões, por sua vez, traz novos olhares e propostas sobre o conteúdo de Favela: Alegria e Dor na Cidade, lançado em 2005. O novo livro apresenta a agenda de um projeto para fazer do Rio de Janeiro mais democrático e fraterno, tendo a favela como grande expressão de resistência, pluralidade, potência inventiva e de singular dinâmica. A proposta é pensar a cidade a partir da favela, desafiando os discursos hegemônicos que a priva de condições dignas de se viver a cidade.
Em Macaé Evaristo: Uma Força Negra na Cena Pública, Jailson de Souza e Silva divide com Eliana Sousa Silva a narrativa da trajetória da professora Macaé Evaristo na defesa da educação e do bem viver social. O livro reflete, em especial, sobre a ascensão e visibilidade de personagens sociais e culturais das periferias do Brasil. Assistente social com mestrado na Universidade Federal de Minas Gerais sobre temáticas indígenas, Macaé lecionou na rede do município, foi a primeira mulher negra secretária municipal e estadual de educação, assim como secretária nacional do Ministério da Educação.
A ficção policial Macumba, de Rodrigo Santos, ganha nova edição após a primeira publicação, em 2016, esgotada em poucos meses. A trama traz um retrato das periferias brasileiras com forte presença das religiosidades afro-ameríndias. Na história Akèdjè é um líder espiritual africano de um passado distante e Ramiro é um detetive da Polícia Civil no presente. Akèdjè, em seu tempo, era importante baba do povo Ketu, que originou uma das nações do Candomblé no Brasil. Ramiro, por sua vez, aparece no romance como policial, evangélico, competente e circunspecto. Nesse suspense, histórias de ontem e de hoje se sucedem a cada capítulo.
Uma das surpresas da noite fica por conta do pré-lançamento de Fogo nas Encruzilhadas, também de Rodrigo Santos. O livro é mais uma ficção policial do autor, que dá continuidade à obra Macumba.
Por fim, Periferias Sob Controle e Vigilância traz o olhar geográfico de Aiala Colares Couto sobre as estratégias de ação que estruturam o narcotráfico e a milícia nas periferias de Belém, no Pará. Recente fenômeno da dominação por parte dos grupos civis armados da cidade, com características similares às das milícias do Rio de Janeiro, as milícias da capital paraense entrecruzam-se com narcotráfico, acentuando disputas e violências contra moradores das periferias. O livro mostra como a periferia de Belém, em meio a essa violência e às diversas formas de violência do Estado, reinventa sua forma de resistir e de criar alternativas para o desenvolvimento territorial e comunitário.
Aiala Colares Couto é bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). É Doutor em Ciências do Desenvolvimento Socioambiental pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) da UFPA, mesma instituição na qual é professor e pesquisador do programa de Pós Graduação em Geografia.
Cleber Ribeiro é geógrafo, natural da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. É coordenador geral do Instituto Pensamentos e Ações para Defesa da Democracia – IPAD.
Eliana Sousa Silva é diretora e fundadora da Redes da Maré (Rio de Janeiro, Brasil). É doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e fundadora e diretora da ONG Redes da Maré, referência nacional no setor. É curadora/diretora do WOW Festival Mulheres do Mundo no Rio de Janeiro e membro do Conselho Global da Fundação WOW, Women Of the World.
Jailson de Souza e Silva é geógrafo, doutor em Sociologia da Educação, fundador do Observatório de Favelas e diretor geral da UNIperiferias | Instituto Maria e João Aleixo, no Rio de Janeiro.
Jorge Luiz Barbosa é mestre em Geografia Humana e professor do Departamento e do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense. É pesquisador do CNPq e da UNIperiferias | Instituto Maria e João Aleixo.
Macaé Maria Evaristo dos Santos é professora e assistente social. Graduada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1990). Mestrado em Educação pela Faculdade de Educação, FAE/Universidade Federal de Minas Gerais (2006). Professora da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte desde 1984. Atuou como Gerente de Coordenação da Política Pedagógica, Secretária Adjunta e Secretária Municipal de Educação (2004 a 2012), foi professora do Curso de Magistério Intercultural Indígena e coordenou o Programa de Implantação de Escolas Indígenas de Minas Gerais (1997 a 2003). Atuou como Secretária de Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (2013-2014) e como Secretária de Estado de Educação de Minas Gerais (2015 a 2018). Atua principalmente em questões sobre política educacional, movimentos sociais, inclusão e pluralidade cultural.
Mário Pires Simão é geógrafo, mestre e doutor em Geografia pela Universidade Federal Fluminense e professor do Departamento e do Programa de Pós-graduação de Geografia da Faculdade de Formação de Professores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. É colaborador da UNIperiferias | Instituto Maria e João Aleixo.
Rodolfo Teixeira Alves é antropólogo e coordenador de marketing na editora Periferias.
Rodrigo Santos é escritor, professor e corredor de rua. É um dos criadores do projeto Uma Noite na Taverna, sarau mensal que durou 13 anos em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Vencedor do prêmio FLUP PENSA em 2012, autor de Máscaras Sobre Rostos Descarnados e Brechó de Almas (ambos poesia), Mágoa e Macumba (romance), além de figurar em mais de uma dezena de coletâneas no Brasil e no exterior.