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terça-feira, 03 outubro 2023
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Exposição Oralidades Pretas – Interculturalismo e Ancestralidade em Matriz Africana percorre cinco cidades com 80 fotografias de expoentes da capoeira, da música, da dança e do ativismo negro

Com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, a exposição “Oralidades Pretas – Interculturalismo e Ancestralidade em Matriz Africana”, percorre Jundiaí, Guarujá, Itupeva, São Bernardo do Campo e São Paulo a partir de 25 de novembro e segue até abril de 2023, dando continuidade a uma itinerância que ocorre desde fevereiro de 2020 pelas Casas de Cultura da capital.

A exposição, com curadoria do professor Alexandre Soares Miranda, também conhecido como Mestre Padinha, surge após sua passagem pelo continente africano (Johannesburg, Durban, Cidade do Cabo e Pretória), onde fez uma imersão nas narrativas artísticas e socioeducativas, nos processos de resgate, preservação e relações de coexistência cultural e social, na música, na literatura e nas culturas tradicionais regionais. Uma experiência que só enriqueceu suas pesquisas em Educação Étnico Racial pela FEUSP e na UFABC em parceria com a Wits (University of the Witwatersrand), de Johannesburg, em políticas públicas nas linguagens de matriz africana.

A exposição reúne 80 fotografias em preto e branco captadas ao longo das atividades desenvolvidas por Padinha – seja em saraus, shows, intervenções, manifestações sociais – e são assinadas por Júlio Alves, Daniel GTR e Joma Nigra. A mostra divide-se em quatro módulos: oralidades, resistência, capoeira e África.

Além da exposição, cada cidade terá uma palestra com Padinha, a escritora Erika Balbino e a estudante Giovanna Ferreira Miranda, além de convidados locais que representam a produção intelectual e cultural de cada região, além de intervenções artísticas.

“Minha intenção é a manutenção dos aspectos afetivos e da memória, além de toda a bagagem que as pessoas retratadas carregam e representam para a cultura periférica”, afirma Padinha.

Segundo ele, nem sempre a documentação destes patrimônios materiais e imateriais da cultura tradicional e ancestral do povo negro foi registrada de forma linear. Essas imagens fotográficas e os audiovisuais contidos na exposição exercem essa função sob a perspectiva do interculturalismo de sujeitos negros em diáspora.

A mostra trabalha visualmente o ambiente dos signos das vestimentas na capoeira, no jongo, no samba de terreiro e na ciranda, com o intuito de reafirmar e reavivar processos históricos construídos a partir da oralidade e do corpo como expressão social e cultural. A iniciativa parte da perspectiva de que a cultura é lugar de expressões individuais e coletivas que ritualmente ativam gatilhos de conhecimento, autoestima e pertencimento, gerando interesse e valorização do legado que faz parte da formação estrutural da cultura brasileira.

Para Padinha, apesar de São Paulo construir um pensamento moderno e de ser um polo gerador de tendências da produção cultural, ainda existe um caminho a ser percorrido quando o assunto é a presença negra como ator indispensável dessa construção. Nesse sentido, o apagamento contínuo e estrutural dificulta o reconhecimento das contribuições efetivas dessa população nos setores da ciência, arquitetura, história, cultura e educação. Essa história teve no corpo, por muito tempo, um instrumento de proteção, manutenção e infiltração de identidades e tradições que se transformaram para sobreviver, fazendo uso de negociações não lineares em um diálogo intrínseco e profundo, deixando a sua marca para que as gerações contemporâneas pudessem entender os processos e compreender que aprisionamentos não podem e não conseguem desligar narrativas circulantes. “É fundamental continuar negociando, interagindo, ativando capacidades socioemocionais que nos permitam fazer uso das artes e da cultura como lugar de fala”, conclui.

SERVIÇO:

Jundiaí – 25 de novembro a 23 de dezembro – Casa da Iúna

Fundada em 2014 a Casa da Iúna é uma agremiação integrada para o convívio sociocultural da arte e na promoção do resgate e preservação da arte da capoeira e suas vertentes.

Rua Rosa Fontebasso Mullër n°02 | Jundiaí SP

Segunda à sexta das 10h00 às 18h00.

@casadaiuna @orbitagestaocultural @oralidadespretas

Acompanhe a agenda em @oralidadespretas

Alexandre Soares Miranda | capoeirista, produtor cultural, diretor executivo da Órbita Produção e Gestão Cultural, professor de Gestão e Empreendedorismo Cultural, Economia Criativa e Elaboração de Projetos Culturais pela Secretaria Municipal de Cultura na Cidade de São Paulo, idealizador do coletivo Os Pretões, contramestre de capoeira com projeto socioeducativo na Casa de Cultura Chico Science desde os anos 1990.

Com formação em Administração pela UniSantanna, marketing pela UNIFAI, Gestão Comercial pela Fatec Ipiranga, é especializado em Educação Social pela PUC/SP e Gestão Cultural pelo SENAC/SP. Foi pesquisador em educação étnico racial pela FEUSP e, atualmente, está na UFABC em parceria na Wits (University of the Witwatersrand) de Johannesburg em políticas públicas nas linguagens de matriz africana, além de manter pesquisa contínua de matrizes africanas, no continente africano, na última década.

Atua nos segmentos cultural, esportivo e educacional, no fomento às culturas de matriz africana/negra, no desenvolvimento de projetos. Ministrou workshops e esteve à frente de produções culturais nas linguagens de matriz africana/negra em países da Europa, África, Ásia e nas Américas, e atualmente é o técnico da equipe universitária de capoeira na UniSantanna.

Erika Alexandra Balbino | produtora cultural, escritora, comunicadora, formada em Cinema e Roteiro pela FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado, possui especialização em Mídia, Informação e Cultura pelo Celacc – Centro de Estudos Latino-Americanos da USP. 

Paulistana do Bosque da Saúde, é uma apaixonada pela arte da capoeira que praticou por dez anos. É autora do livro infanto-juvenil “Num Tronco de Iroko Vi a Iúna Cantar“ (Ed.Peirópolis), lançado em 2014, com cerca de 3 mil exemplares vendidos. O título, que aborda a capoeira e tem como protagonistas Cosme, Damião, Doum e Ogum, conta com ilustrações do muralista e ativista Alexandre Keto e com um CD com muita música e percussão com a participação da cantora Silvia Maria, do cantor Rodrigo e do percussionista Mestre Dalua, além de capoeiristas, e teve prefácio do professor Dênnis de Oliveira e orelha assinaao pelo renomado jornalista Nirlando Beirão (in memorian).

Em 2017, lançou seu segundo título, “O Osso Poder e Permissão”, publicado pela Editora Cosmos, com prefácio do rapper GOG e capa assinada por Gal Oppido. O livro aborda o cotidiano da periferia na capital paulista.

Em função de sua produção literária já ministrou oficinas e palestras em escolas, centros de Fábricas de Cultura, Céus, universidades, escolas, centros comunitários e grupos de capoeira, tendo recebido o Prêmio Arcanjo de Cultura na categoria de literatura, como Melhor Romance, em 2019, e o Prêmio “Luiza Barrios”, concedido pelo grupo antirracista e de liberdade de expressão religiosa “Águas de São Paulo”, em 2016.

Giovana Ferreira Miranda | vestibulanda em Medicina, trabalha como assistente de produção cultural na Órbita Produção e Gestão Cultural. Jovem promessa na área de cultural, desde seus 5 anos anos de idade, hoje aos 19 anos, está na capoeira com seu pai, o Mestre Alexandre Padinha. Nesse período, pode acompanhar e fazer parte de muitas ações culturais, além de ter uma fundamental importância na curadoria desta exposição.

Faz parte do coletivo do Sarau Musical da Capoeira, além do grupo de pesquisa deste coletivo sobre as linguagens de matriz africana. Também tem desenvolvido projetos em colaboração com a Órbita desde 2017, construindo narrativas e participando da curadoria e execução de projetos culturais.

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