Essa é daquelas notícias que a gente não queria precisar dar. Daquelas que embarga a garganta e dá um nó difícil de desatar. O corpo encontrado foi mesmo o de Lucas Eduardo Martins dos Santos.
Lucas, de 14 anos, teve seu corpo encontrado no Parque Natural Municipal Pedroso, em Santo André, na Grande São Paulo dois dias depois de seu desaparecimento.
Na época, parte da família do menino o reconhecia, enquanto outra parte parte, não, e por isso houve necessidade de aguardar os exames de DNA, cujo resultado saiu na última quinta-feira (28).
O menino desapareceu após a chegada de uma viatura, segundo testemunhas, que ouviram ainda Lucas dizendo “eu moro aqui”, na Favela do Amor, localizada na Vila Luzita.
Dois policiais militares, Lucas Lima Bispo dos Santos e Rodrigo Matos Viana, foram afastados por suspeita de envolvimento no caso e sangue foi encontrado na viatura com a qual trabalhavam.
Infelizmente, como em todos os casos de meninos negros mortos ou famílias negras mortas, pouco se vai falar sobre isso. Mais uma execução.
Agora, a execução de uma criança que saía de sua casa. 14 anos. Agora, a mãe de um menino executado está presa. E quem está se manifestando contra isso? A Favela do Amor, onde o menino Lucas morava.
Onde estão as vozes poderosas em denúncia a mais esta execução? O estado mata mais uma criança negra e o mundo segue como sempre seguiu. E a gente segue pensando, com muita dor e a garganta embargada: não é a primeira, nem será a última vez.
Nossos sentimentos à família de Lucas, que não tem velório em espaço privilegiado ou pessoas chorando a dor de sua família. Sentimos muito. Muito. Muito. Muito.