Nasceu em Minas Gerais, sendo filha de pai negro e mãe índia, tinha a família grande, tinha muitos irmãos. De coração rubro negro, teve um irmão que jogou pelo Flamengo, Jaime de Almeida. Lélia González era daquelas mulheres que adoram a bola em campo, apaixonada por futebol.
Mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança, em 1942. Morou no subúrbio. Trabalhou como babá. E durante a sua vida desenvolveu esse cuidado pelo outro de forma mais abrangente, através da empatia e da forma como suas teorias alcançaram o mundo.
Fez História e Geografia na Universidade do Estado da Guanabara (UEG), hoje Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Cursou também Filosofia na UEG. Sua escrita é permeada pelo seu lugar social como mulher negra. Lecionou para profissionais de grande importância, como a Zezé Motta, que em entrevista para Angela Peres contou sobre a influência que Lélia teve na forma como compreende as relações raciais no Brasil. Segundo a Zezé Motta, o curso que ela fez com Lélia no Parque Lage sobre cultura negra ocorreu num momento crucial da sua carreira, quando ganhava notoriedade e sua fala começava a ser ouvida por mais pessoas.
A antropóloga, educadora e feminista negra Lélia González reformulou o modo como as discussões raciais ocorriam no ambiente acadêmico. Nas palavras dela: “Essa questão do branqueamento bateu forte em mim e eu sei que bate muito forte em muitos negros também. Há também o problema de que, na escola, a gente aprende aquelas baboseiras sobre os índios e os negros; na própria universidade o problema do negro não é tratado nos seus devidos termos”. Se hoje o ambiente acadêmico brasileiro considera o “lugar de fala”, muito se deve à contribuição de Lélia.
Uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado, não cansou de lutar. Foi militante engajada. Faleceu em 1984, acometida por um enfarto no miocárdio. Um dos maiores nomes do feminismo negro, ensinou a muitos. Tanto na militância quanto na academia, ensinou e continua a nos ensinar.