As marcas do racismo continuam a perseguir e humilhar pretas e pretos.
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A violência causada pelo racismo é construída em camadas, não precisa ser algo físico, mas é sempre um ataque a moral do negro como indivíduo. O passado de privações ainda persegue uma raça e mesmo quando um negro chega em uma posição de poder o estigma continua. É preciso provar o tempo todo o merecimento de se estar naquele local, e foi assim com a dubladora Fernanda Ribeiro, de 18 anos. Sua carreira começou cedo, aos 7 anos, e hoje já conta com um currículo extenso, mas nada disso foi suficiente para protegê-la dos ataques racistas.
No último dia 25, Fernanda compartilhou um vídeo em suas redes sociais mostrando alguns personagens da Disney que tem a voz dela na versão dublada. O conteúdo viralizou e já conta com 1,1 milhão de visualizações no Tik Tok, porém a atriz começou a receber mensagens agressivas que colocam em dúvida o seu trabalho. Muitas pessoas não acreditaram ela era de fato a voz por trás do conto de fadas de muitas princesas da Disney.
Para tentar reverter a situação, a dubladora fez outro vídeo explicando e provando a autenticidade do seu trabalho. Fernanda já deu voz a personagens marcantes, como Rapunzel criança no filme Enrolados, a princesa Merida na fase infantil em Valente, Ellie personagem do filme UP- Aventuras nas Alturas e a Princesa Charlotte de A Princesa e o Sapo. Alguns seguidores questionaram o fato de que muitos artistas brancos nunca foram cobrados de comprovações. Fernanda conta que nunca tinha passado por esse tipo de situação e no começo foi difícil lidar com os ataques. “No início cheguei a chorar, pensei em desistir, mas depois com tanta ajuda das pessoas, apoio e mensagens de carinho, eu comecei a ver pelo lado bom, que foi um empurrão pra me fazer continuar e me manter de cabeça erguida”, ressalta a atriz.
O racismo impede que negros alcancem os objetivos e tira também a possibilidade de comemorar as vitórias, de se sentir capaz, suficiente e de poder usufruir dos frutos do trabalho digno. Em uma sociedade racista, a cor da pele sempre vai prevalecer e falar mais alto do que qualquer outra coisa, porém a resistência de Fernanda é inspiradora. “Ninguém vai diminuir ninguém pela cor de pele e a gente tem que lutar para isso acabar”.