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terça-feira, 03 outubro 2023
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Dia Mundial da Justiça Social

Em 2007, a Assembléia Geral das Nações Unidas instituiu o dia 20 de Fevereiro como o Dia Mundial da Justiça social. Trata-se de um dia para avaliarmos como as situações de pobreza, exclusão e desemprego têm sido tratadas. A proposta é que nesse dia, cada Estado-membro promova atividades a nível nacional apoiando os objetivos e metas definidos pela ONU.

Segundo o texto da Assembléia, a instituição do dia “reconhece a necessidade de consolidar os esforços da comunidade internacional no domínio da erradicação da pobreza e no que se refere a promover o pleno emprego e o trabalho digno, a igualdade de gênero e o acesso ao bem-estar social e à justiça para todos”.

O que temos a dizer nesse dia sobre o Brasil? Alguém sabe que ele existe? Alguém sabe o que seria justiça social? A cada dia, ao andar nos metrôs de São Paulo vemos um aumento de pessoas pedindo dinheiro ou vendendo de maneira informal. A cada dia vemos mais pessoas morando nas ruas – para aqueles que conseguem ver essas pessoas, percebem que hoje há uma família ali que na semana passada ainda tinha uma casa. A cada semana sabemos de alguém que conhecemos que fica desempregado. Será que é apenas a “crise”?

Infelizmente é assim que o capitalismo se auto-regula, com suas “crises” cíclicas e estruturais. Sempre que tento falar sobre isso sou ignorada e desqualificada porque sou mulher, e mulheres – que não estão na Globo News – não podem saber de economia e política. O fato é que enquanto tratarmos o agravamento das desigualdades como algo conjuntural, as medidas que deveriam ser tomadas em busca de uma igualdade maior continuarão a ser deixadas de lado. É preciso reconhecer que o sistema tem um caráter concentrador de riquezas e que sem intervenção, a tendência é piorar para os mais pobres, sempre.

Nos 3 anos que tive de Economia política no curso de Ciências Sociais ficou muito nítido para mim que ser “de direita” ou “de esquerda” era uma questão que nem se colocava. Como alguém pobre poderia ser “de direita” eu não faço ideia. O que entendi é a grande hipocrisia das doações uma vez por ano para se dormir tranquilo enquanto todas as outras estruturas de dominação e opressão que garantem o acúmulo de riquezas nas mãos dos mais ricos continuam a ser reforçados. Como se reforça “segurança” e “educação” oferecidas desigualmente para que tudo continue como sempre foi. A falácia da meritocracia e da superação individual das estruturas opressoras são ideias que reforçam esses mecanismos.

O que desejo apontar aqui é que precisamos de um certo nível de sinceridade e de coragem para discutir justiça social, principalmente quando não é um familiar seu que é preso ou morto pelo sistema ou quando você nunca sentiu a presença real da fome. O Brasil está muito longe dessa possível igualdade social, mas enquanto personalizarmos a discussão na figura de um político do executivo estaremos mais longe ainda de reduzir a miséria. Precisamos discutir o quanto nosso governo favorece os bancos e instituições financeiras (muitas que têm como alvo principal os aposentados que sustentam suas famílias), o quanto favorece indústrias e grandes empresas em detrimento do contribuinte pessoa física, o quanto as legislações passam a favorecer empregadores em detrimento dos empregados etc. Penso que certas atitudes políticas, dado o contexto de agravamento da pobreza no Brasil, deveriam ser consideradas criminosas. Por fim, que Xangô proteja o odu de todos aqueles que lutam por justiça social!

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