Homem de Ferro, Capitão América, Thor e tantos outros não têm dado conta do recado. Todo dia, uma nova ocorrência. As cidades estão constantemente em perigo e, por mais poderosos que sejam, esses heróis não são da mitologia yorubá. É por isso que, agora sim, o mundo estará a salvo! Diretamente do ilê, vêm aí os super-heróis que estão diariamente na vida de quem carrega axé.
A história que cultua os orixás leva o nome de “Contos de Òrun Àiyé”. Òrun, na mitologia yorubá, significa o lugar onde moram as divindades. Àiyé, por sua vez, é o mundo físico, terreno, material. A história construída, então, acontece no espaço em que Òrun e Àiyé são um só. Pensando na construção dos orixás, não é possível saber, ainda, quem será vilão e quem será mocinho. Nessa crença, não há maniqueísmo. Todos podem errar ou acertar, bem como podem tomar boas ou más decisões.
Com previsão de lançamento para o mês de agosto, a HQ já foi notícia durante o ano passado durante uma campanha de arrecadação para sua produção. Pois é, a ideia foi muito bem recebida: R$ 40 mil foram conquistados com a “vaquinha”. Durante a divulgação da ideia, Hugo Canuto, criador da HQ declarou em sua rede social de onde vem a inspiração.
“Ontem Jack Kirby, criador do universo Marvel junto com Stan Lee faria 99 anos. O que mais admiro na sua obra é o imenso repertório visual, bebendo e misturando fontes que vão dos samurais aos Incas, do Sci-Fi “2001 – Uma Odisseia no Espaço” á Mitologia Hindu, passeando por diferentes culturas e traduzindo os mundos com seu olhar. Kirby desenvolveu conceitos que ainda hoje permanecem atuais, seja na deslumbrante paisagem de Asgard ou as engenhocas elaboradas de Tony Stark, seu DNA inventivo e extremamente simbólico é um legado renovado a cada geração. Seguindo por essa trilha, meu trabalho sempre buscou unir elementos locais á influência da cultura pop. Prestando tributo ao criador de mitologias, resolvi imaginar “o que aconteceria se…” pelo acaso do destino, Jack Kirby resolvesse produzir uma saga baseada nas lendas da cultura Afro-brasileira”.
A gente finaliza da mesma forma que o ilustrador finaliza a declaração acima: “O resto fica por conta da imaginação”. Mas, de qualquer forma, uma coisa é certa. A representatividade já faz parte do roteiro.