O documentário “I Am Samuel” conta a história de um personagem do interior do Quênia, onde a tradição está acima de tudo. Samuel é muito próximo de sua mãe, mas seu pai, um pastor local, não entende porque seu filho ainda não se casou. Ao se mudar para Nairobi, a capital do Quênia, em busca de um emprego e uma nova vida, Samuel se apaixona por Alex e encontra uma comunidade e um local de pertencimento. O amor prospera ainda que as leis quenianas criminalize qualquer um que se identifique como LGBTQIA+. Apesar das ameaças de violência e da rejeição, Samuel e Alex seguem co-existindo em seus mundos, com esperanças de serem aceitos.
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O documentário “I Am Samuel” é dirigido por Pete Murimi, que iniciou sua carreira de diretor e cinegrafista em 2003 com a ideia de dar destaque àqueles que não são vistos, marginalizados e vulneráveis como um de seus guias. Murimi diz que, através de sua contação de histórias, quer empoderar as pessoas que lhe permitem documentar suas vidas a contar suas histórias, para que suas vozes sejam ouvidas. Ele mesmo sendo membro da comunidade LGBTQIA+ diz: “É muito raro que um homem gay, pobre e sem instrução tenha uma plataforma para contar sua história de seu ponto de vista, em especial no Quênia, onde tal tipo de amor não é aceito pela sociedade. Embora não seja ilegal ser queer e se apaixonar, a intimidade homossexual é criminalizada pelas leis da era colonial. As pessoas que se identificam como queer não conseguem amar e viver abertamente e se deparam com as ameaças de assédio, abuso e discriminação.”
Murimi prossegue dizendo que seu documentário conta uma história de amor de dois personagens muito comprometidos uns com os outros. Mas acrescenta: “Também é um filme sobre a resiliência do amor de pai e filho.” A história do personagem se assemelha à sua, na medida em que ambos os pais têm expectativas sobre seus filhos que eles não podiam cumprir. No caso de Murimi, seu pai queria muito que ele gerasse filhos e tivesse um negócio ao invés de fazer filmes. Já no caso de Samuel, seu pai sonhava que ele se casasse e vivesse a mesma vida que ele – como um fazendeiro, pastor, marido e pai.
Redon, o pai de Samuel, é um pintor aposentado casado há 50 anos com Rebecca. Ele também é pastor na igreja local e um fazendeiro de pequeno porte na parte rural do Quênia. Toda temporada, o casal prepara sua fazenda para o plantio de milho e feijão para comer em casa. Eles também mantêm duas vacas para o leite. Redon, extremamente religioso, tem dificuldade em lidar com a descoberta de que seu próprio filho é gay e o filme acompanha a família, que se ajusta à essa difícil nova realidade.
O Quẽnia é um país com grande desigualdade de riquezas. O dinheiro e o privilégio podem comprar alguma privacidade e segurança se você for gay. Mas a maioria da população queniana é pobre e vive em áreas rurais ou em instalações urbanas informais onde não tem condições de esconder segredos perigosos como suas sexualidades. Suas vozes não são ouvidas e suas questões dificilmente são discutidas na mídia ou por legisladores.
Murimi conclui dizendo: “Foi muito importante que esse filme capturasse a realidade de ser pobre e gay no Quênia – uma experiência dividida por milhões de pessoas LGBTQIA+ ao redor do mundo.”
O site indica os locais para aquisição de ingresso para assistir ao documentário (em inglês). Saiba mais aqui.