Apavorados com a epidemia do novo coronavirus, presos que cumprem suas penas nas penitenciárias paulistas estão enviando cartas de despedida para suas famílias.
As cartas, as quais a coluna da jornalista Maria Carolina Trevisan, do Universa Uol, teve acesso revelam um cenário desesperador.
“Estou apavorado com o que pode vir. Eu quero que você saiba que você foi a melhor mulher do mundo. Em tão pouco tempo me fez muito feliz e realizado, até aqui só me deu orgulho. Me sinto o homem mais feliz do mundo. Te amo e obrigado por tudo o que você fez por mim. Por ter me dado uma oportunidade de ter um filho com você. Você é uma mulher maravilhosa. Até as suas brigas estão fazendo falta. Te amo, te amo. Espero que você nunca se esqueça de mim. Porque aonde eu estiver nunca vou te esquecer.”, diz o trecho de uma das cartas.
A situação é tão grave que até mesmo os funcionários das penitenciárias estão adoecendo. Além disso, as celas e enfermarias estão lotadas, o que impossibilita que alguém com suspeita de coronavirus fique em isolamento.
“Minha vida, eu não sei mais o que fazer. Estou há 20 dias com febre. Ela vai e volta. De vez em quando, dor de cabeça e tosse seca. Não sinto gosto de nada. E nem cheiro de nada. Estou apavorado. Não sou só eu. Tem vários com esses sintomas, vida.”, diz outra carta.
Sem previsão de testes para os detentos e dadas as precatórias condições dos sistemas carcerários, os presos seguem correndo sérios riscos de contaminação pela covid-19.