Direto da Zona Sul de São Paulo, a cantora, compositora e produtora musical, Gabriellê, está lançando, nesta quinta, o single “Wikipedianos”, o quarto trabalho autoral de sua carreira. A música e o videoclipe tratam sobre a necessidade que sentimos em saber de tudo a todo momento e de como isso é extremamente maléfico à saúde mental. A produção musical ficou por conta do Diabelsmusic, que também produziu “Oxitocina”, o último single lançado pela cantora, em novembro de 2020. Já a produção audiovisual, ficou por conta da GomaKaya Produções, uma produtora independente da Zona Sul de São Paulo, formada por três mulheres pretas.
A cantora possui várias composições dentro da temática da ansiedade e da saúde mental, e Wikipedianos é o primeiro single lançado, que busca tratar essas questões. “A música se chama Wikipedianos e fala sobre a nossa ânsia de ter todas as informações e de como isso polui a nossa mente nessa busca de ter as respostas para diversas questões, sejam dores, sejam problemas do mundo ou problemas pessoais. A gente busca informações o tempo todo, como se fosse para fugir do nosso próprio presente, da nossa própria realidade”, conta a artista.
Gabriellê conta que, de certa forma, a música fala sobre parte do seu cotidiano, já que também precisa lidar com a própria ansiedade. “Eu falo na música: “Será que somos todos Wikipedianos? Nas horas vagas, as dúvidas chegam e eu me iludo, querendo ter uma resposta pra tudo.” E antes de mais nada, assim… Eu estou falando muito de mim, estou falando totalmente de mim. Porque nas minhas horas de insônia, às vezes eu quero fugir de mim mesma”, relata a multiartista.
Mostrando sua versatilidade e diferentes referências de estilos musicais, este é o primeiro trabalho da cantora no estilo Reggae. “Admiro muito o samba reggae nascido na Bahia, que tem tantos artistas e grupos incríveis. Minhas referências musicais, e brasileiras, para criar nesse estilo são Lazzo Matumbi, Edson Gomes, Ile Ayê, Cidade Negra e Margareth Menezes”, conta Gabriellê.
Gravado em dois locais diferentes, o clipe do single foi pensado de forma que pudesse transparecer a vivência de um ‘eu’ ansioso, que vive entre o caos e a calmaria. A primeira locação escolhida foi o Ferro Velho Santo Amaro, representando essa ansiedade, o acúmulo de coisas, de informações, e também, fazendo referência ao lixo eletrônico. Em contrapartida ao caos, surge a segunda locação, o Parque Nabuco, que representa a tranquilidade.
“Nos dois locais tem a dançarina convidada, Bruna Vitorino, que dança tanto no caos, quanto na tranquilidade. E simboliza a vida de alguém que tem ansiedade ou que tenha algum outro transtorno. Às vezes a gente está dançando e está no caos, e tem momentos de paz. Às vezes a gente pode estar em um momento de paz, e de repente dançar um pouco no caos. E a gente vai aprendendo a naturalizar isso, sem romantizar. Mas naturalizar mesmo, no sentido de nos entender melhor, nos conhecer melhor e de entrar nessa dança”, conta a artista.
O figurino do clipe ficou por conta de Aman Requena, figurinista que trabalha com moda consciente. A maioria das peças trabalham o conceito de upcycling (reutilização, em inglês), sendo boa parte montadas com retalhos de tecidos, pedaços de mangueira, elástico, alfinetes e peças compradas em brechós. Seguindo essa linha, a marca Anjo Negro Store apoiou o clipe disponibilizando acessórios feitos de lixo eletrônico, como disquete, peças de teclado, e também um QR Code que simboliza também a tecnologia atual e futura. “Tudo isso nos convida a pensar, como estamos lidando com o nosso consumo, pois isso está conectado com como estamos com nós mesmos, nossa casa e o nosso mundo”, relata Gabriellê.
Assista ao videoclipe: