“Bonecas Pretas”, novo clipe de Larissa Luz, começa com uma notícia alarmante no ‘Jornal Luz’: bonecas pretas sendo vendidas nas lojas de Salvador. Durante entrevista com uma jornalista, um pai afirma não ter conseguido comprar o brinquedo, devido à grande demanda de quem busca representatividade. Ele afirma ainda que espera, no final de 2018, adquirir uma boneca que se pareça com sua filha.
A crítica de Larissa Luz à estética opressora, no clipe, vem a partir da ocupação das vitrines, ao mesmo tempo que faz alusão à representatividade que as bonecas pretas trazem, quando três meninas negras se aproximam e ficam, imediatamente, impressionadas com a proximidade entre suas feições. Uma das meninas coloca sua mão na mesma direção que a mão de Larissa – que representa uma boneca -, separadas apenas pelo vidro que não pode anular tudo o que têm em comum.
Através da letra a cantora cita ainda outros meios de padronização que excluem negros: jornais, revistas, mídias virtuais. Com o refrão “procuram-se bonecas pretas, procura-se representação”, retratado no clipe por meio do esvaziamento de caixas na procura pelas bonecas, Larissa Luz reitera a ausência de produtos que gerem auto-aceitação.
A baiana Larissa Luz, que foi indicada ao Grammy Latino 2016, reivindica nesse novo som de trabalho o fim da padronização estética pautada no sistema escravocrata, que reflete ainda hoje sobre a pele preta. Inclusive, sobre a pele preta das crianças.