Bai Kamara Jr., filho dos embaixadores da Serra Leoa na Bélgica, cresceu no Reino Unido e vive há 25 anos em Bruxelas. Bai sempre esteve rodeado pela música, com seus tios o apresentando à lendas como Bob Marley, Curtis Mayfield, The Police e Fela Kuti. Aos 15 anos, Bai se mudou para o Reino Unido e conheceu o blues, mas quando decidiu seguir a carreira musical, teve que entrar em negociação com a família, que ele define em tom bem humorado como “concordamos em fazer um período de teste, que está em andamento até hoje”.
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Por volta de seus 24 anos, nos anos 90, Bai se mudou para Bruxelas e se declarou cidadão do mundo, passando 15 anos sem voltar para Serra Leoa. OKayAfrica descreve seu primeiro álbum como claras experimentações com soul, jazz e ritmos latinos. Bai esteve no lendário La Bellevilloise, em Paris, e observou que esteve em contato com o delta blues, os sons da América do Sul e com o desert blues, do Saara, mas não teve contato com nenhum ritmo da sua região. Então, na última década, decidiu se aprofundar na história do blues e em suas raízes com a África Ocidental.
O resultado de seus estudos foi o álbum Salone (nome afetivo de Serra Leoa), lançado no início de 2020, cujo objetivo era falar com o público de língua inglesa a respeito da sua hereditariedade da África Ocidental. O álbum foi surpreendentemente bem recebido nos Estados Unidos e foi indicado ao Blue Blast Awards como Melhor Álbum Acústico de Blues. Bai foi o único não-americano indicado ao prêmio.
Bai se autodeclara um cantor protestante e dedica parte de sua politização à sua mãe, diplomata que viajou o mundo e lutou pelo direito das mulheres de sua geração e da próxima. Suas letras também são bastante políticas e falam, por exemplo, do período em que esteve afastado de sua terra natal.
Embora reconheça as cicatrizes de seu país em decorrência da guerra, Bai se concentra principalmente na resiliência e na hospitalidade de Serra Leoa. O músico espera que seu álbum apresente o blues a uma nova geração que se inspire para criar o som de Salone único usando a música tradicional de forma moderna. Ele também quer encorajar jovens a aprender a tocar instrumentos musicais ao invés de se apoiar somente em sons produzidos em estúdio.
Confira “Can’t Wait Here Too Long”, faixa que abre o álbum Salone.